Fim do multiculturalismo?
Em Itália e ao abrigo de medidas anti-terrorismo, o governo de Berlusconi baniu o uso de burqas, chadors, balaclavas e afins. Recorrendo a legislação nunca revogada mas raramente aplicada, duplicou as penas previstas no artigo 85 do decreto real 773 de 1931, que proíbe o uso de qualquer tipo de máscaras em público, prevendo uma pena de prisão até dois anos e uma multa de 2000 euros para alguém apanhado com a face tapada em público.
Também em Inglaterra Zaki Badawi, director do Muslim College em Londres e presidente do Council of Mosques and Imams, apelou às mulheres muçulmanas britânicas para deixarem de cobrir a cabeça. Badawi afirmou que o código de vestuário islâmico pretende proteger as mulheres e, dada a conjuntura actual, é contraproducente o uso de hijabs ou burqas, que podem conduzir a ataques físicos ou verbais por parte de elementos «irresponsáveis» da sociedade britânica.
O apelo de Badawi surge numa altura em que o debate sobre a integração de emigrantes na sociedade britânica está ao rubro com a intervenção de David Davis, o ministro sombra do Interior, e o candidato mais forte na corrida para a liderança do Partido Conservador, que afirma que o multiculturalismo não está a funcionar em Inglaterra e que em vez de o encorajar dever-se-ia promover «os valores comuns da nacionalidade». Num artigo de opinião no Daily Telegraph, Davis afirma ainda que permitir a não integração de emigrantes tem como consequência o enraizamento dos «valores pervertidos dos bombistas suicidas».
Davis criticou ainda Mohammad Naseem, o presidente da mesquita central de Birmingham, que chamou mentiroso a Blair, afirmando que os detidos muçulmanos no âmbito do ataque em Londres (alguns da sua congregação) podem ser vítimas inocentes de uma conspiração contra o Islão. Naseem negou ainda a existência da Al Qaeda, afirmando que nenhum muçulmano (no mundo inteiro) ouviu falar de uma organização assim chamada.
O Independent revelou recentemente que crianças muçulmanas são o alvo de islâmicos radicais que aparentemente infiltraram a página web da Sociedade Islâmica em Inglaterra. Segundo o Independent, na secção destinada aos jovens muçulmanos, existia um artigo (depois retirado) que apelava aos jovens para «boicotarem aqueles que fazem abertamente guerra a Allah». O artigo, intitulado «Imam Hassan al-Banna on jihad», continuava afirmando que «Jihad é um poderoso e rejuvenescedor desejo para o poder e glória do Islão… que te faz chorar quando olhas para a fraqueza dos muçulmanos actuais e para as tragédias humilhantes que os esmagam à morte em todo o lado» e que «Jihad é ser um soldado por Allah. Quando a trombeta chama deves ser o primeiro a responder à chamada para engrossar as fileiras para a jihad.» No mesmo sítio web existiam outros artigos (retirados) anti integração que versavam sobre ateísmo e secularismo e sobre Israel, incluindo um intitulado «Israel simply has no right to exist».
Não obstante a limpeza efectuada no site depois da notícia no Independent, ainda podem ser encontrados artigos como «Islamic Movement’s call to the Muslims», que afirma ser um dever dos muçulmanos viverem em «jihad contínua» para globalmente «estabelecer o Islão como forma dominante de vida- social, cultural, económica e política.» Outro artigo apelando claramente à jihad permanece na página intitulado «Becoming Committed Servants of Allah». Com artigos como estes não há de facto multiculturalismo que resista…