A resposta
Para o arcebispo Paul Joseph Cordes, presidente do Conselho Pontifício «Cor Unum» (que coordena as instituições de assistência da Igreja Católica), Ratzinger constitui uma «resposta de Deus» à expansão do secularismo.
De acordo com a entrevista de Cordes, «o secularismo do assim chamado primeiro mundo preocupou profundamente João Paulo II», ainda que originado «de uma terra firmemente arraigada na tradição cristã». Por isso é que, num seu discurso, o ex-papa disse que «a experiência da aparente ausência de Deus pesa não só sobre os ausentes ou os mais afastados, mas é geral. A corrente espiritual da consciência actual tem uma influência profunda também sobre os membros activos da Igreja… Por este motivo, o Bom Pastor se vê obrigado a deixar espaço no mundo e na Igreja sobretudo à luz que procede da fé, na operante presença de Deus».
O arcebispo daí segue dizendo que «o novo papa é certamente a resposta de Deus ante este perigo do secularismo. Não só faz referência a isso o nome que elegeu», mas também «expressou claramente seu pesar pela falta de referência a Deus no Preâmbulo do Tratado constitucional europeu».
De facto, B16 configura-se como uma bela resposta ao secularismo: foi sucessor de Torquemada na Congregação para a Doutrina da Fé, não se cansa de referir a importância das raízes cristãs da Europa, escreveu a famosa declaração «Dominus Iesus», considera a música rock um «contra-culto que se opõe ao culto cristão», considera as mulheres como divinamente predestinadas à dominação masculina ou considera imorais o adultério, a masturbação, a pornografia, a prostituição e os actos homossexuais.