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Mês: Maio 2005

17 de Maio, 2005 Carlos Esperança

José Staline


A reabilitação tentada pelo órgão oficial do PCP – o «Avante» – é um insulto a milhões de vítimas, um atropelo à verdade histórica e uma ofensa ao próprio comunismo.

O revisionismo histórico é um crime que impede que os erros se transformem em vacina e que permite que os facínoras se transformem em heróis.

Foi assim que JP2 reabilitou algumas das figuras mais tenebrosas do nazismo e beatificou Pio IX. É assim que ele próprio está a caminho da santidade com duas características inéditas:

– Não precisar de cinco anos de cadáver para se iniciar o processo de beatificação.

– Ter feito milagres em vida (curar um tumor cerebral a ministrar a eucaristia), circunstância e terapêutica inéditas na história dos milagres.

16 de Maio, 2005 Carlos Esperança

Momento Zen da Segunda

João César das Neves (JCN) andava a descurar a propagação da fé e a desprezar os santos e rectos caminhos que hão-de conduzi-lo aos altares. Mas é tal o medo do Inferno e do azeite fervente onde mergulham as almas dos réprobos que regressou em força.

Ontem, em entrevista ao DN, comentada pela Palmira em «Momento Zen de Domingo», o bem-aventurado voltou a um dos temas que excitam a ICAR – a homossexualidade.

Hoje, veio ressarcir-se de duas ou três semanas em que perdeu o tempo e o espaço do DN, com assuntos de economia, para mergulhar no recorrente tema da interrupção voluntária da gravidez (IVG).

JCN partilha os pontos de vista da defunta Santidade JP2 e da actual. Tem o mesmo tino que revelaram os piedosos sacerdotes Nuno Serras Pereira (o do anúncio sobre a eucaristia), Domingos Oliveira o medidor da gravidade dos pecados e aquele pároco de Lisboa que exortou os fiéis a votar CDS por ser o único contra o aborto.

Quando afirma que o Governo ameaça impor a descriminalização do aborto na AR, se o povo não concordar, JCN sabe que mente por uma boa causa, capaz de lhe render abundantes indulgências.

No seu maniqueísmo, bebido em Santo Agostinho, JCN atribui um novo referendo sobre a IVG «à honra ferida da esquerda e à infantil fome de desforra», ocultando que há na esquerda partidários do «Não» e quem, na direita, seja adepto do «Sim». Será o deputado Pires de Lima um perigoso esquerdista que se infiltrou no CDS para defender a descriminalização da IVG, à semelhança de outros que se introduziram no Governo para ordenarem a IVS (interrupção voluntária dos sobreiros)?

A legislação sobre a IVG só foi referendada, com os resultados catastróficos que se conhecem (refiro-me à baixíssima participação popular, não ao veredicto) porque dois amigos do peito e da hóstia, do PS e do PSD, Guterres e Marcelo, assim o decidiram. Não é matéria obrigatória de referendo.

JCN esquece que a ICAR, que o há-de elevar aos altares logo que se fine com um terço numa das mãos e na outra a bíblia, é contra o divórcio e, tal como o seu homólogo Islão, pretende que a violência da lei se abata sobre o adultério. No fundo é contra a liberdade que as religiões se erguem.

Num aspecto tem razão JCN em relação à legalização do aborto: «essa campanha está a ser conduzida de forma tão infame, tão vergonhosa, tão canalha…». Mas não se refere aos padres que eu citei. Refere-se aos que não pensam como eles.

Adenda – Foi finalmente descodificada a frase «matar uma criança no seio materno ainda é mais violento do que matar uma menina de 5 anos». O embrião podia dar origem a um indivíduo do sexo masculino, ao contrário da menina assassinada.

16 de Maio, 2005 pfontela

Brincando às eleições

No Irão o processo eleitoral prossegue. Trata-se de um verdadeiro cortejo com características de uma farsa rocambolesca, em que os bobos da festa são sem dúvida aqueles que acreditam que o processo é um sinal de maior democracia no país.

Mais de 1000 pessoas concorreram ao cargo de presidente (ocupado no momento por Mohammad Khatami) e os seus passados são extremamente diversos: temos o guarda redes da equipa nacional que promete mostrar o cartão vermelho ao crime, um vagabundo poliglota licenciado em gestão e astronomia que acha que isso o qualifica para ser presidente, um jovenzinho de 16 anos (cujo programa eleitoral parece que ainda está a ser definido…com a ajuda da mãe), algumas dezenas de mulheres que se valeram de uma ambiguidade linguística na lei para se poderem candidatar e claro sem esquecer os clérigos octogenários que defendem as mais brilhantes virtudes da civilização teocrática.

Mas isto é só um aperitivo, porque o circo ainda mal começou. O conselho de guardiões (o verdadeiro órgão de poder no Irão, o coração da teocracia) juntou-se à festa e já excluiu cerca de metade dos candidatos reformistas (incluindo claro as 89 mulheres que tiveram a lata de se candidatarem em vez de ficarem em casa a lavar pratos e procriar – como aliás qualquer religião de bem que se preze apregoa).

Ebrahim Yazdi, líder do único partido que se pode dizer que possui “inclinações” seculares, já avisou que dado o passado do conselho não espera que as eleições sejam justas mas que mesmo assim fará tudo o que estiver ao seu alcance para provar às autoridades que elas estão erradas (note-se a subtileza: os políticos não são as autoridades, os clérigos é que são). É por estas e outras, igualmente hediondas, heresias que o Sr. Yazdi vive sobre a permanente ameaça de ser preso – as acusações são de conspiração contra a segurança nacional e contra a teocracia.

E é assim que pelos lados do Irão se compõe uma realidade deveras burlesca. Se a situação é esta durante as eleições imagine-se no carnaval.

15 de Maio, 2005 Palmira Silva

Momento Zen de Domingo

Numa entrevista ao Diário de Notícias João César das Neves afirma «É falso que eu seja homofóbico». E para confirmar a sua tolerância em relação à homossexualidade, que avisa «Não se deve é banalizar», refere que a sua posição «é a da Igreja» ou seja, considera que «a homossexualidade é ‘uma desordem moral grave’». Assim, no fim da entrevista revela que «há imensos homossexuais que vivem sem problemas, calmamente, e é assim que deve ser.». Ou seja, calmamente, sem reinvidicações, sem revelarem ao mundo a sua «desordem moral», na «Santa Hipocrisia» preconizada pela Igreja de Roma.

Mas a pérola da entrevista consiste nas locubrações do devoto sobre abuso sexual. Nomeadamente abuso sexual sobre menores do sexo masculino: «Imagine que quem tinha abusado dos rapazinhos eram mulheres. Não é evidente que os rapazinhos teriam até orgulho no facto?».

De facto, um espécimen a colocar na mesma galeria de horrores católicos que o padre Domingos Oliveira, o tal que acha mais violento abortar um embrião, que não tem consciência de si nem do meio ambiente, que não sente dor, que assassinar brutalmente uma criança de 5 anos!

15 de Maio, 2005 Palmira Silva

Não entrem em pânico!

Dia 25 de Maio é o «Dia da toalha» em que todos os admiradores de Douglas Noel Adams, DNA, que se descrevia como um ateísta radical, o autor da trilogia (com cinco livros) de culto, The Hithhikers Guide to the Galaxy, lhe podem prestar tributo simplesmente transportando uma toalha.

Douglas Adams, um ex-libris do «orgulho ateu», estudou em Cambridge onde participou com o seu amigo Griff Rhys Jones no grupo de teatro amador desta Universidade, Footlights, por onde também passaram Emma Thompson, John Cleese e Graham Chapman. Aliás Douglas Adams ambicionava ser um escritor/actor na linha dos Monty Python, com quem colaborou escrevendo um sketch com Graham Chapman.

O filme, que em Portugal terá o título «À Boleia pela Galáxia», apresenta algumas variantes em relação aos livros, infelizmente nunca publicados em Portugal, escritas pelo autor para a versão cinematográfica. Como a introdução de um novo personagem, Humma Kavulaé, interpretado por John Malkovich.

Não consegui descobrir quando será a estreia do filme em Portugal mas entretanto… não se esqueçam da toalha!

14 de Maio, 2005 Carlos Esperança

Aborto nunca

Imaginem, leitores, que se constituía um movimento para a descriminalização do infanticídio. Suponham que os infanticidas, apoiados por violadores, marginais, traficantes e proxenetas, enviavam uma petição à Assembleia da República a exigir a alteração da moldura penal do infanticídio cuja pena consideram exorbitante e desajustada à gravidade do acto. Dir-me-ão que era uma enormidade. E era.

Mas, enganados pelas palavras do piedoso padre Domingos Oliveira, da paróquia de Lordelo do Ouro, no Porto, indivíduos débeis e cruéis podem considerar que matar o próprio filho é um delito menor e que, quando muito, deve ser considerado um crime semi-público, não havendo direito a sanção na ausência de queixa do ofendido.

Sabendo-se que o morto raramente se queixa e a mãe, que poderia representá-lo, não quer arriscar o mesmo destino, as alterações pretendidas corresponderiam, na prática, à despenalização do infanticídio.

Esse hipotético movimento teria o apoio de criminosos violentos e a compreensão do Sr. Padre Oliveira que, além de católico, tem o dom do Espírito Santo a iluminá-lo, graças ao sacramento da Ordem, o que lhe confere licença vitalícia para fazer homilias.

O referido sacerdote continua a afirmar que «matar uma criança no seio materno ainda é mais violento do que matar uma menina de 5 anos». Ora, sendo a lei permissiva para casos em que haja malformação do feto (a que o senhor prior chama criança), em situações de violação ou risco de vida para a mãe, não se compreende que a um acto menos violento corresponda uma pena maior.

Os signatários da suposta petição à AR jurariam que nunca usam preservativo nem apoiam o uso da pílula do dia seguinte. Mesmo às mulheres que violam advertem-nas de que se usam quaisquer meios abortivos lhes dão cabo do canastro.

Os peticionários fictícios às vezes assassinam um filho, mas têm imenso cuidado com a salvação da alma e os ensinamentos da santa Igreja Católica, Apostólica, Romana (ICAR), pelo que considerariam justa a redução da pena. O senhor padre Oliveira deu-lhes o argumento que faltava.

O Sr. Padre Oliveira e a sua Igreja é que têm de justificar a conduta terrorista.

14 de Maio, 2005 Carlos Esperança

Lotaria

No Vaticano andou hoje a roda da sorte. Na lotaria da santidade o prémio saiu à casa. Foram beatificadas duas freiras, uma espanhola e outra americana.

A missa das beatificações foi presidida pelo cardeal Saraiva Martins, encarregado da criação de beatos e santos, na qualidade de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

JP2 pelava-se por desempenhar estes números e nunca deixou que fosse um Ajudante a beatificar os numerosos bem-aventurados que elevou aos altares.

Agora, o facto de ter sido um cardeal nascido em Portugal é motivo de orgulho para os que julgam que Deus está comprometido nos negócios dos milagres.

14 de Maio, 2005 pfontela

Perseguições e mitos I

Todos os que vivem na sociedade Ocidental têm, em maior ou menor grau, conhecimento das grandes perseguições movidas pelo cristianismo (nas suas mais diversas variantes) a heréticos, apóstatas, infiéis, etc. Também é do conhecimento geral que os próprios cristãos foram vítimas de perseguição nos dias do Império Romano, antes de se imiscuírem profundamente no funcionamento da máquina burocrática. O que é desconhecido da maioria é quanto as acusações cristãs dos supostos crimes dos hereges bebem da sua própria história na antiguidade.

Para se ter uma ideia da visão pagã do cristianismo seria bom olhar para este extracto de Minucius Felix, um apologista dos cristãos, que data de cerca do fim do séc. II d.C. (neste episódio ele pede a um pagão para descrever as ideias que possui do cristianismo):

«Dizem-me que, movidos por algum impulso tolo, consagram e adoram a cabeça de um burro, o mais abjecto dos animais. É um culto digno dos costumes que lhe deram origem! Outros dizem que prestam reverência aos órgãos genitais do sacerdote que preside às cerimónias… Quanto à iniciação de novos membros, os detalhes são tão repulsivos como são conhecidos. Uma criança, coberta por massa para iludir os incautos, é posta à frente do candidato a noviço. O noviço apunhala a criança até à morte com golpes invisíveis; ele próprio, enganado pela massa que cobre a criança, pensa que os golpes são inofensivos. Depois – é horrível! – bebem sedentamente o sangue da criança e competem entre si pelos membros. Através desta vítima ficam ligados uns aos outros; e o facto de partilharem do crime força-os a todos ao silêncio. É também amplamente conhecido o que acontece nos seus festins… No dia do festim reúnem-se todos com as suas crianças, irmãs, mães, pessoas dos dois sexos e de todas as idades. Quando o grupo está animado de tanto comer, e a luxúria impura foi atiçada pela bebida, pedaços de carne são atirados a um cão que está amarrado a um candeeiro. O cão salta em busca da carne, indo além da extensão da corrente que o prende. A luz, que teria sido uma testemunha, é derrubada e apaga-se. Agora, na escuridão, tão favorável ao comportamento sem vergonha, eles contorcem-se nos laços de uma paixão que não pode ser nomeada, conforme o acaso decide. E assim todos eles são incestuosos, se não sempre em actos pelo menos por cumplicidade, pois tudo o que um deles pratica corresponde à vontade de todos… É precisamente o secretismo desta religião malévola que prova que tudo isto, ou quase tudo, é verdade.»(1)

Resumindo, as grandes acusações que saem deste texto são:
– Infanticídio
– Canibalismo
– Incesto

Estas ideias eram comuns na sociedade romana da altura e ilustram bem a imagem negra que o culto cristão possuía. Convém referir no entanto que estas ideias não eram universais, sempre houve escritores que duvidaram da veracidade de tais afirmações, sendo que em certos círculos a crença nestes mitos era ridicularizada. Mas também não se pode dizer que havia de uma distinção clara entre as classe eruditas de Roma e as massas supersticiosas e em grande medida ignorantes, pois em 112 d.c. Encontramos Plínio o novo como governador da Bítinia (Ásia Menor) a fazer investigações para verificar a autenticidade das acusações (2). E em cerda de 160 d.C. encontramos Cornelius Fronto a acusar publicamente os cristãos dos mesmo crimes (infanticídio, canibalismo e incesto) – Fronto era um senador respeitado e chegou a ser tutor do Imperador Marco Aurélio, sendo plausível acreditar que este esteve por detrás das perseguições movidas ao movimento cristão durante o reinado do seu protegido. Trata-se de facto de uma ideia que era transversal a todas as classes romanas. E mesmo não sendo universalmente aceite gozava de popularidade e de uma credibilidade aparente que foram suficientes para poder ser referida nos mais altos círculos sociais sem causar grande ultraje.

Tanta popularidade que em 177 d.c., em Lyons, deu-se uma das mais famosas perseguições à seita cristã (ou pelo menos uma das melhor documentadas) (3). O motivo inicial para a perseguição foi provavelmente apenas de ordem económica já que meses antes o imperador tinha autorizado a venda de prisioneiros para sacrifício na arena (o custo era significativamente menor do que comprar um gladiador e todas as despesas dos jogos corriam por conta dos grandes proprietários locais) (4). Fica portanto estabelecido um motivo mas não é claro quais foram as respectivas percentagens de interesse e de mito que incitaram o incidente. O certo é que as autoridades e a população colaboraram no processo. Sendo que os escravos dos acusados foram torturados de forma a obter testemunhos que corroborassem as acusações (um método ao qual a santa madre igreja daria bom uso em séculos vindouros). Claro que isto só contribuiu para o fortalecimento dos mitos já existentes e muitos dos indiferentes ao cristianismo passaram a ser abertamente hostis.

Antes de analisar a veracidade de tais acusações convém compreender onde é que está a sua origem, pois se é verdade que os ódios e rivalidades locais podem explicar parte das perseguições eles não explicam tudo. Embora a cultura clássica tenha em grande parte sido destruída estes mitos que tiveram origem no seu seio foram repetidos até á exaustão em perseguições ao longo da história (embora sofrendo sucessivas adaptações ao monoteísmo e o acréscimo de alguns detalhes particulares às respectivas épocas).

(continua em breve)

(1)- Minucius Felix, Octavius – cap. IX e X
(2)- Plínio o novo, epístola X
(3)- Eusebius, Historia Ecclesiastica
(4)- J. Vogt, ‘Zur Religiositat der Christenverfolger im romischen Reich’

14 de Maio, 2005 jvasco

Judeus ateus

Foi com alguma surpresa que li na wikipedia que, de acordo com vários movimentos judeus modernos, é possível um indivíduo praticar o judaísmo enquanto fé e tradição, sendo no entanto ateu ou agnóstico.

De acordo com a wkipedia, o Reconstrucionismo é um significativo movimento judaico caracterizado por:

-crença que a autonomia pessoal deve ser mais importante que a tradição e leis Judaicas, mas que qualquer acção deve tomar em consideração o consenso geral

-uma atitude positiva face à cultura moderna

-a crença que as formas de estudo tradicionais dos rabis, tal como os métodos académicos modernos e o estudo crítico dos textos, são ambas maneiras válidas de se aprender sobre e através dos textos religiosos judeus.

-um método não-fundamentalista de se ensinar os princípios de fé judaicos, tal como a crença de que os judeus não têm de aceitar todos ou qualquer destes princípios

-a rejeição da crença que os judeus são o povo escolhido, tal como a rejeição dos milagres e do teísmo

No fundo é um movimento baseado na cultura e tradição judaicas, um movimento judeu. Mas não deixa de ser também um movimento ateu.

13 de Maio, 2005 Carlos Esperança

O hipermercado da fé

Há sessenta anos a Virgem viageira poisava nas azinheiras e mandava rezar o terço às criancinhas. Em campanha eleitoral, contra o comunismo e a República, agendou umas sessões de esclarecimento para a Cova da Iria onde reuniu três inocentes pastorinhos.

Disse-lhes que «Nosso Senhor» andava muito zangado e que era preciso rezar muito. Quanto ao mau feitio do referido indivíduo percebe-se hoje melhor o mau humor e apenas se desconhece se continua de trombas ou se já se dá por satisfeito com milhões de terços rezados e com o fim do comunismo.

A Lúcia era a única que via e ouvia a tal Virgem que lhes disse: «eu sou a Nossa Senhora» e, por especial deferência, teve direito a ver o Inferno onde se encontrava o Administrador do Concelho de Ourém que, em vida, não ia à missa. Teve ainda direito a outros mimos como foi o caso da visita de Jesus Cristo que foi a Tuy, de propósito, para a visitar na cela, em rigorosa clandestinidade.

Mas, para que não se pensasse que as crianças eram parvas e se punham a inventar coisas, a Senhora de Fátima, como depois havia de ficar conhecida, mandou o Sol fazer piruetas perante numerosos fregueses atraídos pelas aparições e maravilhados com o espectáculo.

E foi assim, faz hoje 60 anos, que um lugar rústico do concelho de vila Nova de Ourém se tornou no promissor sector terciário, graças ao terço e às peregrinações.

O Papa que mais protegeu o negócio foi o defunto JP2 que hoje, contra as tradições da ICAR, viu o Papa Ratzinger anunciar o requerimento para a promoção a beato. Antes de JP2 só depois de cinco anos decorridos é que se podia meter os papéis.

O negócio está próspero e os milagres vão aumentar. Há grandes investimentos para a promoção do sobrenatural até porque a concorrência de outras seitas mais pequenas e ágeis se adiantaram no ramo. Assim, dentro e breve João Paulo II será vendido como santo, em madeira, bronze, cristal e porcelana, fabricado nas Caldas da Rainha, na Vista Alegre e em numerosas fábricas que vão requerer o alvará de fabrico.

Sexta-feira, 13, é o dia da sorte para os negócios da fé. A RTP, canal de serviço público, desde ontem que tem o tempo de antena adjudicado à ICAR.