A liberdade está em perigo
A vocação totalitária das religiões está inscrita no código genético. Não há democracia onde o poder da Igreja não se encontre claramente limitado, nem liberdade onde não se tenha imposto o laicismo. Já Pio IX tinha afirmado a incompatibilidade da ICAR com a liberdade e a democracia – sábias palavras de um pontífice que odiava os judeus e a modernidade com igual fervor.
Há muito que o Diário Ateísta acompanha o ressurgimento dos neo-cruzados que como feras esfaimadas se precipitam contra governos democráticos na tentativa de imporem a verdade única e fazerem da Bíblia a fonte do direito. Não compreendem que haja mais mundo para além do direito canónico e dos dogmas da sua Igreja.
São bandos de beatos à solta, bárbaros sedentos de proselitismo, clérigos fanatizados nos campos de treino do Vaticano e nos antros do Opus Dei. É a igreja das cruzadas e da inquisição que ressurge, é a contra-reforma que avança, é o mercado da fé à procura da globalização.
A vitória dos neoconservadores americanos e a conquista do aparelho do Estado mais poderoso do mundo por beatos evangélicos, em perfeita simetria com o histerismo do islão político, lançou a ICAR através das Conferências Episcopais numa desvairada deriva contra o poder secular.
Em Espanha (ver artigo da Palmira) a «desobediência civil» promovida pelos bispos é um vigoroso ataque à democracia desferido por lacaios do único estado totalitário europeu – o Vaticano.
Na América do Sul, há poucos anos apoiavam os ditadores assassinos, hoje ameaçam e limitam as transformações democráticas em curso.
Em Timor Lorosae, dois bispos ameaçam lançar o País numa guerra civil e humilham os governantes faltando a reuniões adrede preparadas, sem explicações ou desculpas, exigindo a demissão de quem tem a legitimidade democrática, encaminhando o País para uma teocracia.
Em Timor Lorosae, os bispos começaram por exigir a revogação da lei que criou, a título experimental, o carácter facultativo do ensino religioso em 32 escolas. Depois pediram demissão do chefe do Governo, agora exigem «a imediata remoção do primeiro-ministro».
O bispo de Baucau, Basílio do Nascimento, declarou à Lusa – segundo o Público de hoje -, «ter proposto que o poder político se pronuncie a favor da criminalização do aborto e da prostituição, aguardando que o Parlamento se venha a pronunciar sobre esta matéria».
A seguir virá o divórcio e o adultério. Depois, a sodomia, a blasfémia e a apostasia. Por fim os timorenses dividir-se-ão entre os que seguem a ICAR com velas ou com cacetes. É a dialéctica do poder totalitário.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
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- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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