Loading

Um Deus cruel

«Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram»
Mateus 7:13

O Deus da mitologia cristã é conhecido pelos crentes por ser um Deus perfeito, de amor e de bondade. Também é conhecido por ser um Deus omnisciente, omnipresente e omnipotente. Creio que tudo isto está em evidente contradição com as escrituras sobre as quais essa mitologia é baseada.

Basta considerarmos o seguinte: o Inferno é, de acordo com essas escrituras, um lugar de sofrimento terrível e eterno. De acordo com essas escrituras, é o destino da maioria da humanidade. Assim sendo, o Deus da mitologia cristã decidiu, quando criou o mundo, fazer a maioria da humanidade por si criada sofrer um castigo terrível e eterno.

Qualquer cristão argumentará que não é bem assim: «não é Deus que condena as pessoas ao Inferno, Ele apenas lhes dá a Liberdade para escolherem, ele quer que elas escolham o céu!». Mas a verdade é que esse Deus já sabe a escolha que a maioria daqueles que criou vai fazer. Já sabe que qualquer um deles se vai eternamente arrepender da sua escolha, e que qualquer um deles preferia nunca ter existido, a ter sido criado tendo o sofrimento eterno como destino. Ainda assim Deus decidiu criá-los a todos. Quanta maldade, quanta crueldade é que tal acção representaria? Uma infinita maldade. Uma infinita crueldade. Ideal para a megalomania da mitologia cristã, que insiste em chamar a tal Deus, «um Deus de amor».

Imaginemos a seguinte imagem: um indivíduo teve, ao longo da sua vida, 13 filhos. A cada um destes, quando tinham 2 anos, deu-lhes a seguinte escolha: «Que é que preferes, estes espinafres, ou este bolo? Podes escolher o que quiseres, mas peço-te que não escolhas o bolo, pois será muito mau para ti, e eu ficarei triste». Estando o bolo envenenado, e sendo da natureza das crianças de dois anos preferirem doces a espinafres, ligando pouco a certas recomendações, 12 dos 13 filhos morreram. O filho que não morreu foi muito amado e recebeu todo o carinho e amor do pai.

Acharemos nós que este pai é amoroso e carinhoso? Considerá-lo-emos um bom pai?

Ele queria que todos os filhos escolhessem os espinafres, mas tinha de lhes dar a «Liberdade» para escolherem. Que maior prova de amor? Ele sofreu por todos os filhos que morreram, chorando amargamente. Ele acarinhou e protegeu o filho que fez a escolha certa durante toda a sua vida.

Não!
Este pai é horrível! Doentio!
De uma falta de amor indescritível!

Mas infinitamente pior é o Deus da mitologia cristã. Pois o pai do exemplo, mata os seus filhos, algo infinitamente menos cruel do que presenteá-los com o sofrimento eterno.

E o pai do exemplo, pode supor que muitos filhos vão escolher o bolo, mas o Deus da mitologia Cristã sabe que a maioria daqueles que criou escolherão o caminho do Inferno, e ainda assim tendo (pela sua omnipotência) o poder de criar apenas aqueles que vão escolher a salvação, preferiu criar todos.

Ainda bem que um Deus assim não existe.

Perfil de Autor

+ posts