Direito a morrer
Ao fim de 15 anos num estado vegetativo permanente e irreversívelfoi ontem retirado o tubo que alimentava Terri Schiavo, a americana residente na Flórida que tem sido o centro de batalhas legais entre o marido e os pais, católicos fervorosos apoiados pelo Vaticano, pelos bispos americanos, pelo presidente Bush e toda a corte republicana.
O presidente Bush tem apoiado os movimentos católicos para manter Schiavo no estado vegetativo dos últimos 15 anos e afirmou que «continuará no lado que defende a vida» como informou o porta voz da Casa Branca, Scott McClellan.
O tubo que alimenta Terri Schiavo já foi retirado por duas vezes e depois reintroduzido. Em 2003 o governador da Flórida Jeb Bush, conseguiu passar uma lei que ordenou a reinserção do tubo, seis dias depois de este ter sido retirado. A lei foi depois considerada inconstitucional.
Desta vez os representantes republicanos ao Congresso tentaram impedir a remoção do tubo convocando Terry Schiavo para depor no Congresso no final no mês, o que a colocaria sobre protecção na condição de testemunha num inquérito do Congresso. Uma tarefa complicada já que ela não fala há 15 anos e é incapaz de alguma vez o voltar a fazer. Mas tal não deteve os republicanos, cuja manobra foi descrita pelo advogado de Michael Schiavo, George Felos, como «nothing short of thuggery».
Por todo o mundo os representantes de Vaticano lamentam a decisão e exortam os católicos a manifestarem-se já que Terry constituía um ex-libris da luta contra o aborto e eutanásia: «Se o senhor Schiavo tiver sucesso em provocar legalmente a morte de sua mulher, isso será não só uma tragédia em si, mas um passo grave na direcção da eutanásia legal nos Estados Unidos», declarou o cardeal Renato Martino, chefe do Conselho Pontifício para Justiça e Paz.