Mitos americanos
(1) Sempre houve tolerância religiosa nos EUA
No século XVII, os Puritanos do Massachusetts enforcaram dois «quakers» que se recusavam a deixar a província. No mesmo século, os católicos estavam proibidos de praticar a sua fé em todas as colónias com as excepções de Rhode Island e da Pensilvânia, e o Massachusetts ameaçava executar todos os padres (católicos) que passassem pela colónia mais de uma vez. Apesar disto e das perseguições às bruxas de Salem, não falta quem acredite que os EUA, mesmo antes da independência, eram um paraíso de tolerância religiosa.
No século XVII, os Puritanos do Massachusetts enforcaram dois «quakers» que se recusavam a deixar a província. No mesmo século, os católicos estavam proibidos de praticar a sua fé em todas as colónias com as excepções de Rhode Island e da Pensilvânia, e o Massachusetts ameaçava executar todos os padres (católicos) que passassem pela colónia mais de uma vez. Apesar disto e das perseguições às bruxas de Salem, não falta quem acredite que os EUA, mesmo antes da independência, eram um paraíso de tolerância religiosa.
(2) A separação destinava-se a proteger as igrejas do Estado
A separação entre igreja e Estado conferida pela célebre «primeira emenda» não se destinava a proteger as igrejas do Estado (conforme afirmam alguns americanófilos menos informados), mas sim a proteger as igrejas umas das outras. O risco, à data da independência, era a predominância que uma igreja pudesse vir a ter sobre as outras usando o Estado.
A separação entre igreja e Estado conferida pela célebre «primeira emenda» não se destinava a proteger as igrejas do Estado (conforme afirmam alguns americanófilos menos informados), mas sim a proteger as igrejas umas das outras. O risco, à data da independência, era a predominância que uma igreja pudesse vir a ter sobre as outras usando o Estado.
(3) A população dos EUA sempre foi muito religiosa
A religiosidade da população dos EUA é um fenómeno posterior à independência, que atingiu o seu máximo no século XX. Na época da independência, apenas 17% dos habitantes dos EUA pertenciam a uma igreja. Por volta de 1950, esse número tinha subido para 60%.
A religiosidade da população dos EUA é um fenómeno posterior à independência, que atingiu o seu máximo no século XX. Na época da independência, apenas 17% dos habitantes dos EUA pertenciam a uma igreja. Por volta de 1950, esse número tinha subido para 60%.
(Publicado originalmente no blogue «Esquerda Republicana».)