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Mês: Janeiro 2005

10 de Janeiro, 2005 jvasco

Um ateu perante a morte

«Depois da morte não acaba tudo. Depois da morte ainda vem o funeral.» – cito, de memória, Onofre Varela

Na nossa sociedade, os ritos fúnebres são a regra. São rituais católicos que geralmente culminam com o enterro ou cremação do corpo do defunto.

Um ateu pode escolher que não lhe sejam prestadas essas cerimónias religiosas após a sua morte, ou não?

Na maioria dos casos, suponho que o consiga: basta para o efeito que comunique aos seus familiares e amigos o seu desejos, e que estes o procurem respeitar.

Mas, a menos que tenha em vida feito um testamento com obrigações legais, não há qualquer garantia de que isto se suceda. Os familiares podem perfeitamente ignorar os desejos do defunto, que não estará lá para se defender, dando origem a mais um evento religioso.

Os ateus, que não acreditam na vida após a morte, não deveriam ser indiferentes a essa questão?

Os desejos manifestados em vida pelo defunto não poderão simplesmente ser ignorados após a sua morte?

O respeito pela morte alheia não é apenas um hábito ritual, fruto de superstições sem sentido, que deveria ser ignorado?

Na minha opinião, a resposta a estas três últimas questões é não.

É uma opinião que pode não ser partilhada por toda a gente, já que tive oportunidade de discutir este assunto quer com crentes, quer com um ou outro ateu.

Nós, como seres humanos, pensamos na morte. Para uns é raro, para outros frequente.

Esses pensamentos não costumam ser agradáveis, quer devido ao instinto de sobrevivência, quer devido a uma série de outros factores (as saudades dos entes queridos que morreram, por exemplo).

As religiões assumem um papel interessante, que pode minorar ou aumentar o sofrimento resultante dessa última confrontação, consoante a mitologia e a respectiva intepretação.

Assim sendo, enquanto sacerdotes mais insensíveis podem lembrar a família e os amigos da forma como os pecados do falecido podem colocar a sua alma em perigo de encontrar o Inferno, outros, mais hábeis na forma de lidar com as pessoas, podem aliviar o seu sofrimento fazendo ver que se desejam bem ao falecido, deveriam estar felizes pelo facto da sua alma estar num mundo melhor.

Por paixão à verdade, não acho que se justifique acreditar em mentiras e superstições, mesmo que elas aliviem o nosso sofrimento com a ideia da morte (coisa que, como referi, não se verifica necessariamente).

Mas acho óptimo, do ponto de vista humano, que encontremos as melhores formas de encarar essa questão, para sofrermos o mínimo com ela.

O respeito pela morte alheia é uma dessas formas.

O facto de ser usual o respeito aos desejos póstumos de alguém, leva-nos a crer que os nossos serão respeitados, e isso facilita a forma como encaramos esse pensamento.

PS- Vamos bater-nos para que aos não crentes sejam asseguradas condições de respeito sem os obrigar a ter de passar por uma igreja. Essa é uma batalha da futura AAP com as autarquias e o Estado.

10 de Janeiro, 2005 Carlos Esperança

Domingo – dia do Senhor

Contra a abertura do comércio ao domingo, marchar, marchar…

O Movimento pelo Encerramento do Comércio ao Domingo, onde se destaca o pio Bagão Félix, de frouxa sensibilidade social e exacerbada devoção religiosa, consegue o apoio dos sindicatos e do patronato. Não me seduz a cassete neoliberal em voga, mas irrita-me a obstinação da ICAR em apropriar-se do domingo e atribuir-se outros dias, que crismou de santos e equiparou a feriados nacionais.

Se o dogma é um insulto à inteligência mas uma vitória para a fé, se agride a razão mas purifica a alma, se fecha os caminhos difíceis da ciência mas abre as largas avenidas da salvação, é difícil haver quem o enjeite, mas a Câmara Municipal do Porto prepara-se para pecar. Parafraseando o Eça, cabe à Vereação, moderadamente jejuada, razoavelmente confessada e melhor comungada, pronunciar-se piedosamente sobre o horário do comércio.

O Governo privatizou as seguradoras e os bancos; condescendeu com a liberalização dos combustíveis e da energia; as comunicações e os cimentos entregou-os aos privados, mas chamou a si o horário das mercearias. Nos mares, nas estradas e nos ares circula a iniciativa privada mas respeita-se, na compra do sabão amarelo, o horário das repartições. Não tem horário a gasolina mas têm hora marcada a posta de pescada e o quilo de feijão carrapato.

Andou bem o Governo, há anos, em proibir às grandes superfícies a abertura de portas ao Domingo. Preferiu a santa missa à venda dos legumes; dificultou a aquisição de frescos mas facilitou a divulgação das homilias; alguns bacalhaus ficaram por vender mas promoveu-se a eucaristia, com hóstias sem código de barras, nem prazo de validade, guardadas sem rede de frio nem inspecção sanitária. Folgam as caixas registadoras aos Domingos mas agitam-se as bandejas nas santas missas.

Contrariamente ao que era de esperar, não houve, porém, festa nas sacristias, não rejubilou o episcopado, não aconteceu um lausperene. Nem uma missa de acção de graças. Nem uma novena. Provavelmente algum padre-nosso rezado na clandestinidade ou uma ave-maria balbuciada por uma beata enquanto resistia à tentação da carne e ao assédio do marido. A própria Conferência Episcopal desistiu da pastoral da mercearia.

E vem agora a Câmara Municipal do Porto com um regulamento sobre horários de funcionamento dos estabelecimentos comerciais na cidade, capaz de os encher ao Domingo, enquanto à luz mortiça das velas um padre boceja uma homilia para meia dúzia de resignados devotos.

10 de Janeiro, 2005 Mariana de Oliveira

A blasfémia do peditório

Respondendo ao artigo do Blasfémias, intitulado «Sintomático», que versa sobre um texto do Diário Ateísta, venho esclarecer uns pequenos pontos.

Primeiro – o que acho vergonhoso não é o acto em si de solicitar contribuições voluntárias aos paroquianos, mas sim o facto de ser uma divisão de uma estrutura mais vasta, a ICAR, que está longe de viver em dificuldades económicas e que tem dinheiro mais do que suficiente para poder fazer face às despesas das suas sucursais.

Segundo – pior do que a situação anterior, é o facto de a prestação determinados serviços, nomeadamente casamentos, baptizados e funerais, só ser feita mediante o pagamento da côngrua. Ou seja, as coisas funcionam como que sob coacção: se não se pagar a contribuição voluntária, há que procurar outro sacerdote. É o que se passa em Lamego.

Terceiro – sou a favor da liberdade. Portanto, quem estiver disposto a doar o que quer que seja às suas igrejas, está no seu pleno direito desde que esses negócios não sejam contra a lei ou os bons costumes.

Quarto – a cobrança dos impostos é feita em nome da colectividade para que o Estado, em nome do Povo que legitima o seu poder, possa prosseguir políticas de interesse colectivo e não apenas de um grupo social.

9 de Janeiro, 2005 Palmira Silva

A insustentável leveza do ser

«Logo no começo do Génesis, está escrito que Deus criou o homem para que ele reinasse sobre os pássaros, os peixes e o gado. É claro que o Génesis é obra do homem e não do cavalo. Ninguém pode ter a certeza absoluta que Deus realmente queria que o homem reinasse sobre todas as outras criaturas. O mais provável é que o homem tenha inventado Deus para santificar o seu poder sobre a vaca e o cavalo, poder esse que ele usurpara. Sim, porque, na verdade, o direito de matar um veado ou uma vaca é a única coisa que a humanidade, no seu conjunto, nunca contestou, mesmo durante as guerras mais sangrentas.

É um direito que só nos parece natural porque quem está no topo da hierarquia somos nós. Bastava que entrasse mais outro parceiro no jogo, por exemplo um visitante vindo de outro planeta cujo Deus tivesse dito «Tu reinarás sobre as criaturas de todas as outras estrelas», para que toda a evidência do Génesis ficasse logo posta em questão. Talvez depois de um marciano o ter atrelado a uma charrua ou enquanto estivesse a assar no espeto de um habitante da Via Láctea, o homem se lembrasse das costeletas de vitela que costumava comer e apresentasse (tarde de mais) as suas desculpas à vaca.

(…)

Descartes deu o passo decisivo: fez do homem «mestre e proprietário da Natureza». Que seja precisamente ele quem nega de maneira categórica que os animais tenham alma, eis aí uma enorme coincidência. O homem é senhor e proprietário, enquanto o animal, diz Descartes, não passa de um autómato, uma máquina animada, uma machina animata. Quando um animal geme, não é uma queixa, é apenas o ranger de um mecanismo que funciona mal. Quando a roda de uma charrete range, isso não quer dizer que a charrete sofra, mas apenas que ela não está lubrificada. Devemos interpretar da mesma maneira o gemido dos animais, e é inútil lamentar o destino de um cachorro que é dissecado vivo num laboratório.»

Milan Kundera in «A insustentável leveza do ser». Um livro que considero quasi obrigatório ler. Fala essencialmente do ser humano, da vida, do amor, das relações entre as pessoas, tornadas complexas pela sua simplicidade. Sobre o livro deixo a opinião de outro dos meus autores favoritos, Italo Calvino, em «Six Memos for the Next Millenium», «O peso da vida, para Kundera, está em qualquer forma de opressão. O romance mostra-nos como, na vida, tudo aquilo que escolhemos e apreciamos pela sua leveza acaba rapidamente revelando o seu verdadeiro, insustentável peso. Apenas, talvez, a vivacidade e a mobilidade da inteligência escapam à condenação – as qualidades de que se compõe o romance e que pertencem a um universo que não é mais aquele do viver».

O filme, dirigido por Philip Kaufman, com interpretações sublimes de Juliette Binoche, Daniel Day-Lewis e Lena Olin é fabuloso e recomenda-se mas não é possível ler o livro e continuar ileso. Se lido com a mesma simplicidade com que Kundera dialoga com a realidade…

9 de Janeiro, 2005 Carlos Esperança

Religiões e ditaduras

Conheci bem a conivência da Igreja católica com as ditaduras ibéricas. Ainda me recordo dos apelos feitos nas missas para que Deus protegesse os «nossos» governantes, lhes desse longa vida e iluminasse a inteligência, sendo certo que Deus foi sensível aos primeiros pedidos e completamente surdo ao último. De Salazar ouvi a vários padres que a Providência o tinha designado para governar Portugal. Creio que nasceu aí o meu desprezo por Deus e a desconfiança nos seus padres. Mas até o cardeal Cerejeira avisou Salazar desse desígnio providencial, de que teria conhecimento pelas confidências da senhora de Fátima à Irmã Lúcia. E escreveu-o com o mesmo despudor com que João Paulo II confirmou ao mundo que a beata Alexandrina de Balazar passou mais de uma década sem comer, nem beber, em anúria, a alimentar-se apenas de hóstias consagradas.

Em Espanha o caudilho era idolatrado pelo clero e muitas missas de acção de graças foram celebradas em sua honra, agradecendo ao Senhor a encomenda. Mons. Escrivá de Balaguer, já na altura bastante íntimo do divino, incensava o generalíssimo e combatia os seus adversários. Foi um apóstolo denodado do franquismo na região de Burgos, primeiro, e um pouco por toda a parte, depois. Como compensação levou para o túmulo o truque para fazer milagres e rapidamente chegar a santo.

Pio IX excomungava os que defendiam a separação entre a Igreja e o Estado. Pio XI declarou numa missa grandiosa em honra do «Duce», que ascendeu ao poder com o apoio activo da ICAR: «Moussolini é um homem que a Providência Divina nos enviou». Na sequência do atentado falhado de que foi alvo pelo jovem Anteo Zamboni, militante da Liga ateísta, com 15 anos de idade, este foi preso no local e linchado por fascistas. O Vaticano fez difundir nas igrejas e escolas uma imagem piedosa mostrando a morte do jovem Zamboni, «joguete do Diabo, inimigo da fé, punido pela mão de Deus».

A simpatia de Deus pelos ditadores comprometeu-lhe o prestígio e afastou-lhe a clientela quando as democracias se popularizaram. Exceptuando o comunismo em que Staline (um ex-seminarista que quase chegou a padre) se entregou a uma demência sanguinária, as ditaduras tiveram quase sempre o apoio militante e entusiástico do clero, da Europa à América latina, com grande destaque para a ICAR. Pinochet ainda hoje é um devoto da missa e desenvolveu pela eucaristia uma síndroma de habituação e dependência. Nos países árabes, onde o livro sagrado é de cumprimento obrigatório, sabe-se como a tolerância e a liberdade ofendem Alá, irritam o seu profeta e obrigam o clero a proceder em conformidade.

Penso, no entanto, que é menos a fé do que a volúpia do poder que atira o clero para relações promíscuas com o Estado. A sedução por regimes autoritários é o corolário lógico da verdade única, do ser supremo, do respeito pela hierarquia, da obediência cega. A submissão e a obediência são apresentadas como virtudes e estimuladas pelos guardiões da fé. Quando o poder vem de Deus instala-se o poder discricionário e a violência institucionaliza-se. Quando o sufrágio universal e secreto se conquista, Deus reduz-se à sua insignificância e os homens tornam-se livres.

8 de Janeiro, 2005 Mariana de Oliveira

Mais peditório

Depois de ter comentado a carta enviada pelo padre da minha freguesia, pedindo o pagamento da côngrua, chega a notícia de que, em Lamego, o pároco de Lazarim e Lalim fez o mesmo se bem que em moldes um pouco distintos.

Da carta enviada aos paroquianos constava o seguinte: «como nem todas as famílias têm cumprido os deveres de pagamento da côngrua, devem as mesmas procurar um outro sacerdote que as sirva. Nomeadamente em serviços de casamento, baptizado e funeral». Podendo ainda ler-se que só «cumprindo com o pagamento da côngrua o cristão poderá ter direito à prestação dos serviços do seu pároco».

Resultado? A população não gostou, especialmente porque o padre Agostinho Ramalho sugere o «mínimo a pagar de côngrua de 20 euros, esteja reformada ou ganhe o dia». Por exemplo, um agricultor disse que «a fé em Deus não se paga» e que tem quatro filhos «que, de vez em quando, lá fazem uns trabalhos, conforme pede o senhor padre. Por cabeça tenho de dar 20 euros, é muito dinheiro».

O padre, por seu lado, não compreende as razões do descontentamento já que a «a carta apenas tem como objectivo chamar a atenção dos paroquianos para os seus deveres cristãos e morais» e que, apesar do que está escrito, «se alguém não pagar por falta de dinheiro, não vai ficar privado do serviço religioso».

E para que é que Agostinho Ramalho quer o dinheiro? Primeiro, para que «todos os paroquianos possam viver alegres na paróquia» e, depois, para o seu rendimento porque, coitadinho, não tem outras fontes de rendimento a não ser umas aulitas que dá no Centro de Promoção Rural de Lamego. Que pena tenho eu do senhor padre que, pobrezinho, não paga impostos sobre o que recebe, que tem cama, mesa e roupa lavada, que tem um horário de trabalho flexível. É triste…

8 de Janeiro, 2005 Carlos Esperança

Os crentes e a tolerância

O aparecimento de crentes tolerantes vai-se tornando uma constante a que urge estar atento. É um fenómeno das sociedades democráticas onde a secularização exerce a sua pedagogia. A religião não faz ninguém bom, mas não estraga todos por igual. Os livros sagrados reflectem a violência da época e a idiossincrasia de quem os escreveu, mas são poucos os crentes que os lêem e menos os que os levam a sério.

A verdade revelada dos quatro livros escolhidos no consulado de Constantino teve mais a ver com os interesses do império romano do que com as necessidades espirituais do Imperador. Esses livros, evangelhos, reflectiam interesses políticos que se tornaram determinantes para a organização política da ICAR e a conquista do poder temporal que logrou. Outro tanto aconteceu com a Tora, primeiro, e o Alcorão, depois.

Curiosamente, ainda hoje a ICAR vai buscar aos evangelhos que ela própria declarou apócrifos factos e personagens a que atribui valor canónico. É o caso de Ana e Joaquim, acoimados de santos e distribuídos a Jesus, como avós maternos cuja vida e respectiva existência os «verdadeiros» omitem.

Exceptuando épocas de crise em que o sentido literal da Tora, Bíblia e Alcorão são objecto de um proselitismo infrene, a tendência vai no sentido da relativização dos textos e o cumprimento da vontade de Deus aligeira-se como se o próprio, suspeito de Alzheimer, começasse a merecer desconfiança.

Com crentes tolerantes e civilizados é possível alargar os espaços democráticos no planeta e levar o respeito pelos direitos humanos a regiões onde são desconhecidos. Seria trágico que, por questões de assepsia, os ateus recusassem dar as mãos aos crentes de qualquer credo que sobreponham o espírito da paz à paranóia do proselitismo. Basta, para desgraça, que a inversa se verifique.

Infelizmente, à medida que a instrução, a diversidade cultural, o pluralismo e a miscigenação vão aproximando povos e criando laços fraternais entre eles, recrudesce no seio do clero das diversas religiões o pânico pela perda do poder, o horror à extinção, a volúpia da supremacia e a obsessão pelo absolutismo e a verdade única.

O clero tem reflexos tribais que urge conter com a difusão e aprofundamento da laicidade e tendências prosélitas que a separação da Igreja e do Estado minoram. A vocação totalitária, que a sociedade civil deve refrear, precisa de uma vacina que permita a vitória da paz, da liberdade e do livre-pensamento. A vacina existe – chama-se laicidade -, e interessa a ateus, crentes e agnósticos.

7 de Janeiro, 2005 Mariana de Oliveira

O peditório

Como já tinha sucedido em 2003, apareceu, esta semana, na caixa de correio de minha casa – e, parece, a todos os habitantes da freguesia, incluindo o Miguel Cardina – uma interessante missiva enviada pela paróquia de Santa Clara que reza o seguinte:

«Caro Paroquiano(a):

No início de mais um ano, venho lembrar o Contributo Paroquial (Côngrua). A nossa comunidade cristã tem uma dimensão económica que deve ser assumida por todos os paroquianos.

Segundo as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa, cada família deve contribuir anualmente com o equivalente a um dia de trabalho, para as despesas gerais da Paróquia: culto, obras de construção ou restauro e conservação dos imóveis, sustentação do clero, evangelização, caridade e apostolado (…)»

[A seguir apresentam-se os prazos para a contribuição, agradecimentos a todas as famílias que contribuiram anteriormentee muitas bênçãos de Deus]

O que mais me encuca neste prospecto não é o peditório em si – vergonhoso por provir de uma sucursal de uma instituição que está longe de viver com dificuldades económicas -, mas a forma como é feito. De facto, o senhor pároco de Santa Clara presume que todas as famílias desta freguesia professam a religião católica apostólica romana e que, assim, são obrigadas a contribuir para as «despesas gerais» de «culto, obras de construção ou restauro e conservação dos imóveis, sustentação do clero, evangelização, caridade e apostolado». É esta prepotência que me irrita solenemente!

Gostava de saber uma coisa: será que a paróquia colocou a mesma carta nas caixas de correio dos locais de culto concorrentes existentes em Santa Clara, na rua Pinto de Abreu e na rua Milagre das Rosas (mais uma designação para adicionar à toponímia religiosa da cidade)? E, como sugeriu o Ricardo Alves, porque não pedir ao senhor pároco uma contribuição para a Associação Ateísta Portuguesa?

7 de Janeiro, 2005 Carlos Esperança

A fé tem cura

«Por um lado, as pessoas que vão à missa no Domingo [na diocese de Lisboa] são cerca de 13%. Por outro, [de acordo com uma sondagem] 33% declaram-se católicos praticantes.»

«O número dos praticantes [em Portugal] é dos mais significativos do Ocidente.»


(Declarações do Patriarca Policarpo, em entrevista à Visão, 06-01-04)

Na ICAR a fé diminui mas o poder aumenta.
6 de Janeiro, 2005 Carlos Esperança

Momento de lucidez

«Isto leva-me a duvidar da existência de Deus»

(ROWAN WILLIAMS, arcebispo de Cantuária, sobre a catástrofe nos países do Índico, Visão, 06-01-04)