31 de Janeiro, 2005 Carlos Esperança
Opus Dei rejuvenesce quadros
Paulo Teixeira Pinto vai suceder a Jardim Gonçalves à frente do banco Milleniumbcp.
Monárquico e Opus Dei, vai à missa todos os dias.
Paulo Teixeira Pinto vai suceder a Jardim Gonçalves à frente do banco Milleniumbcp.
Monárquico e Opus Dei, vai à missa todos os dias.
O sentimento religioso perde-se nos tempos. Para lidar com o imprevisível, com o que não conhece, com a perplexidade perante um mundo complexo cheio de fenómenos aleatórios, o homem projectou as suas aspirações em seres imaginários com capacidades muito superiores às suas, com explicações relativamente simples para os fenónemos naturais, e respostas reconfortantes para os mistérios pertubantes.
Um caso exemplar é o das danças da chuva. Desesperados porque precisam de chuva, dispostos a sacrifícios para a obterem, mas impotentes face aos caprichos da natureza, várias tribos primitivas desenvolveram rituais nos quais se tentava apaziguar ou convencer os Deuses a serem generosos ou misericordiosos. É óbvio que o impacto das danças na pluviosidade foi nulo, mas isso não impediu os povos de continuarem, ano após ano, geração após geração, em pontos muito dispersos do globo, a manterem esses rituais. O clero local era claro: quando se dançou e não choveu, o ritual não foi feito com convicção suficiente; quando se dançou e choveu, a chuva ocorreu graças ao ritual. O reforço comunitário, a memória selectiva, o post hoc, validação subjectiva, negação e outro tipo de análise supersticiosa e falaciosa permitiu manter vivos estes rituais curiosos.
Mas muito curiosa é a forma como esses ritos são transpostos para a sociedade ocidental. No www.ateismo.net é possível encontrar uma notícia que a Mariana Pereira da Costa destacou da agência Eclesia no dia 25 de Janeiro:
«O Bispo de Beja, D. António Vitalino, já alertou o clero da diocese para que ‘se ponha uma intenção especial sobre a seca no Alentejo e que esteja atento aos casos de maior gravidade’.
Era hábito no Alentejo fazerem-se procissões onde se pedia ‘bom tempo e boa colheita’. As ‘chamadas rogações’, disse o bispo. Liturgicamente estão previstas, só ‘que esse costume foi-se perdendo’. Com o ambiente de secularismo ‘as pessoas pensam mais nos subsídios da União Europeia do que em Deus’.»
Recomendo vivamente o comentário que se segue, também sobre este assunto.
Como nos mostrou a tragédia no sudeste asiático, o homem ainda está sujeito aos caprichos da natureza. No entanto, cada vez tem mais poder para a inter-agir com ela, bem como para lidar com as suas consequências.
Cada vez mais, importa encarar estas questões com uma atitude racional. Importa prestar atenção às consequências do efeito de estufa para que não seja o homem a causar os desastres e cataclismos de que pode padecer. Importa saber onde contruir diques, saber onde contruir barragens, saber quais os planos hidrológicos adequados,
quais os impactos ambientais.
E, claro, fazer investigação. Fazer evoluir o conhecimento. Já se começa a compreender os mecanismos da chuva ao ponto de a poder provocar artificialmente. Como evitar a seca tremenda sem causar desequilíbrios ambientais? É importante manter a investigação nestas áreas.
E também importa saber quem mais precisa de apoio, como maximizar a protecção, como minimizar os riscos. Tudo isto com uma atitude racional.
Não com danças da chuva!
Mas o que o Bispo pede, no fundo, é oposto.
«The descendents of those who hated Jesus, who condemned him to death, who crucified him and immediately persecuted his pupils, are guilty of greater excesses that those of their forefathers …. Satan helped them invent Socialism and Communism …. The movement for freeing the world from the Jews is a movement for the renaissance of human dignity. The Almighty and All-wise God is behind this movement.»
Padre Franjo Kralik «Why are the Jews Being Persecuted» artigo na Acção Católica croata, Maio de 1941.
“God, who directs the destiny of nations and controls the hearts of Kings, has given us Ante Pavelic and moved the leader of a friendly and allied people, Adolf Hitler, to use his victorious troops to disperse our oppressors… Glory be to God, our gratitude to Adolf Hitler and loyalty to our Poglavnik [fuhrer], Ante Pavelic.” Carta Pastoral de 1941 do Arcebispo de Zagreb Aloysius Stepinac, beatificado pelo Papa João Paulo II em 1998.
Depois das ondas de indignação despertadas pelo meu post sobre o envolvimento das Igrejas protestantes com o regime nazi, reconhecido recentemente por estas, acho que se torna indispensável reiterar que estes posts servem como aviso para a necessidade absoluta da laicidade do Estado e relembrar quão fácil é usar a religião para os mais ignóbeis fins. Como podemos testemunhar no século XXI.
O envolvimento do Vaticano com os nazis e seus regimes satélites não nega o facto de que muitos católicos, padres, freiras ou simples leigos, combateram heroicamente os nazis e foram solidários com os judeus e outros perseguidos. Mas é inegável que o silêncio ensurdecedor das altas cúpulas do Vaticano, de Pio XI e especialmente de Pio XII, o Papa nazi para muitos, incomodou e incomoda muitos crentes. Que tentam ver nesse silêncio uma expressão de diplomacia, que afirmam que se Pio XII tivesse falado abertamente contra os nazis o horror do Holocausto teria atingido dimensões ainda maiores.
Pessoalmente tenho dificuldade em acreditar nessa explicação que não só ignora os factos que apresento no post seguinte como também é contrariada pela actuação do Vaticano noutros conflitos da época. Nomeadamente essa contenção não foi seguida pelo Papa Pio XI, que em 1936 exorta os católicos espanhóis a lutarem lado a lado com Franco na «difícil e perigosa tarefa de defender e restaurar os direitos e a honra de Deus e da Religião».
A Igreja de Espanha declarou-se imediata e entusiasticamente do lado de Franco, nomeadamente através da pastoral «Las dos ciudades» do bispo de Salamanca, Enrique Pla y Deniel (nomeado cardeal por Pio XII em 1946, sem dúvida em reconhecimento pelos bons serviços prestados), datada de Setembro de 1936. E não podemos esquecer que em Julho de 1936, tinha começado uma rebelião contra o governo democraticamente eleito da Frente Popular.
Uma rebelião, que se transformou na Guerra Civil Espanhola, tornada possível em grande parte pelo apoio do Vaticano, de Mussolini e de Hitler, tendo este último enviado tropas em apoio de Franco. Em Abril de 1937, os aviões alemães da Legião Condor bombardeiam e destroem pela primeira vez na história uma cidade a partir do ar. Foi a cidade de Guernica, na província espanhola do País Basco, imortalizada por Picasso. Para recordar a estupidez de uma guerra que causou um milhão de vítimas e o exílio de centenas de milhares de espanhóis.
Para além se ser negada pela atitude de muitos responsáveis católicos em países satélites do regime de Hitler. Mal as forças alemãs marcharam sobre Viena em Março de 1938 o Cardeal Theodore Innitzer, arcebispo de Viena, entrou em contacto com Hitler. Três dias depois envia instruções aos seus subordinados: «The faithful, and those who have the care of their souls, must rally unconditionally to the Führer and the great German state. The historic battle against the criminal illusion of Bolshevism and for German security, for work and bread, for the power and honour of the Reich and for the unity of the German nation, manifestly has the blessing of divine Providence.» Duas semanas depois o episcopado austríaco emite um comunicado de apoio ao plebiscito sobre a incorporação da Aústria no III Reich (que teve o apoio de 99,73% dos votantes) em que se pode ler «On the day of the plebiscite it is clearly our national duty, as Germans, to declare in favour of the German Reich, and we likewise expect all Christian believers to correctly understand their duty to the nation.»
Em Março de 1939, a Alemanha invade as regiões checas. A Eslováquia forma então um país separado, sob a tutela alemã e com um regime pró-nazi, chefiado pelo católico monsenhor Josef Tiso, que foi executado em 1947 pelos crimes cometidos, indefectível até ao fim de Hitler.
Ante Pavelic, lider católico dos Ustase, tornou-se lider (poglavnik) do Estado Independente da Croácia depois de Hitler ter invadido a Jugoslávia em 1941. Pavelic pretendia exterminar um terço dos sérvios (ortodoxos), expulsar outro terço e converter ao catolicismo os restantes. Tudo sob o ar benévolo do Vaticano, que desculpava os massacres cometidos como sendo «teething troubles of a new regime» (expressão usada pelo secretário de estado do Vaticano, Monsenhor Domenico Tardini). Apenas quando a vitória aliada era um facto consumado o Vaticano denunciou o genocídio levado a cabo em boa parte por membros do clero católico. E Ante Pavelic nunca enfrentou um tribunal de guerra, sendo-lhe oferecido santuário pelo Vaticano no mosteiro de San Girolamo, indo depois para a Argentina onde foi conselheiro de segurança de Juan Peron, até uma tentativa de assassínio o fazer fugir para a Espanha de Franco onde morreu em 1959. A cumplicidade do Vaticano na fuga de Pavelic, com um espólio de guerra considerável, está a ser alvo de uma acção legal que pretende a devolução do dinheiro do tesouro da Croácia transferido ilicitamente para o banco do Vaticano.
Sobre as atrocidades cometidas pelo regime católico Ustasa ou Ustasha, o massacre de 600 000 sérvios, 30 000 judeus, e 26 000 ciganos, os livros indicados são elucidativos, o último escrito por um sobrevivente do campo de concentração de Jasenovac, dirigido até 1943 pelo frade franciscano Miroslav Filipovic-Majstorovic.
E não esqueçamos que em Outubro de 1941, enquanto os exércitos nazis ultimavam a invasão de Moscovo, Pio XII pedia aos católicos para orarem pela rápida realização da promessa da Senhora de Fátima de «conversão da Rússia». No ano seguinte, no dia 31 de Outubro de 1942, após Hitler ter declarado que a Rússia Comunista tinha sido «definitivamente» derrotada, Pio XII, numa mensagem de Jubileu, cumpriu a primeira das exigências daquela «Senhora», «consagrando o mundo inteiro ao seu Imaculado Coração».
«Convert or Die: Catholic Persecution in Yugoslavia During World War II» Edmond Paris
«The Yugoslav Auschwitz and the Vatican» Vladimir Dedijer
«Witness to Jasenovac’s Hell» Ilija Ivanovic
O enviado de João Paulo II a Auschwitz, Cardeal Jean-Marie Lustiger, lembrou as posições do Papa contra o anti-semitismo, de forma especial «por parte dos cristãos» – diz a Agência Ecclesia.
Vamos desmascarar o tartufo enquanto o islão afirma o seu ódio sem preconceitos.
O sionismo agressivo e expansionista, a funcionar como demência simétrica do fascismo islâmico, não pode servir de alibi ao silêncio que muitos gostariam de fazer sobre o holocausto e ao branqueamento dos crimes a que o anti-semitismo conduziu.
Recordar os reis católicos de Espanha e a crueldade cristã com que perseguiram, espoliaram e queimaram judeus, é apenas referir o zelo apostólico e a selvajaria da fé.
O islamismo é um decalque grotesco do cristianismo a que falta a influência da cultura helénica e do direito romano. À medida que os mercenários de Alá se dão conta do crepúsculo da sua civilização falhada, acirram os crentes e atiram-nos para o martírio a troco de umas orgias no paraíso onde serão alimentados com rios de mel para satisfazerem as fantasias sexuais com setenta virgens que lhes reservam os mullahs. Só as mulheres devem continuar a conformar-se com a burka, a submissão e o opróbrio.
A cegueira religiosa, alimentada pelos parasitas de Deus, conduz os crentes (cristãos, muçulmanos e judeus) a confiar nos livros sagrados, como se estes fossem certidões notariais, reclamando territórios que a vontade divina lhes legou sem admitirem, ao menos, após séculos, o direito por usucapião. Deus é um pretexto para crimes que o poder, a ambição e a inveja reclamam.
O Papa João Paulo II vem agora condenar o anti-semitismo e arvorar-se em campeão da luta contra o anti-semitismo. É o descaramento de quem beatificou Pio IX que chamava «cães» aos judeus e protagonizou um dos mais ignóbeis actos de anti-semitismo. Pio IX foi cúmplice no rapto de um menino judeu de seis anos, Edgardo Mortara, sob o pretexto de ter sido baptizado in extremis por uma criada, após o nascimento. Foram impotentes os pais para recuperar o filho raptado pela polícia papal e de nada valeu a indignação mundial. Encarcerado num mosteiro terá acabado por ser ordenado padre.
S. João Crisóstomo considerava bordéis as sinagogas e o imperador Constantino odioso o povo judeu.
O zelo canónico posto pelos cruzados na sua exterminação, à ida e à vinda da Terra Santa ficaram como marco indelével da crueldade racista e religiosa.
Não foram os nazis os primeiros a instituírem o gueto e a obrigarem os judeus ao uso de um distintivo amarelo. Coube ao Papa Paulo IV, no séc. XVI, essa infâmia.
A oração pelos «pérfidos judeus», que fazia parte da liturgia da Sexta-feira Santa do Missal Romano, manteve-se depois do holocausto. Foi João XXIII que acabou com essa devota manifestação de ódio.
Quem protegeu proeminentes nazis procurados por crimes contra a humanidade e lhes facilitou refúgio nas ditaduras sul-americanas de forte influência católica?
Deixemos, por hoje, o papa de Hitler. Pio XII merece centenas de artigos.
Este é um caso recente, mas não é o único. Filipa teve a sorte de ter sido apoiada pelos pais, que compreenderam a sua situação e tentaram ajudá-la da mehor forma.
Nem sempre é assim…
E se a intolerância para com estas sistuações poderia existir independentemente da religião, a verdade é que as religiões do livro têm um impacto social tal que agrava seriamente o drama vivido pela Filipa e por outras e outros que vivem situações similares.
E se as religiões na actualidade deixassem de dar sentenças sobre as opções particulares das pessoas (seja a respeito do preservativo, do casamento homossexual, da transexualidade ou de muitas outras questões), ao invés de fazer tudo para impedir, mesmo a quem não é crente, de viver a sua vida como quer (o caso espanhol em relação ao casamento homossexual é exemplar a esse respeito)?
Curiosidade engraçada: vejam os primeiros cerca de 40 comentários à notícia (os que lá estavam na altura que coloquei este artigo), e observem o único comentário intolerante face à decisão da Filipa. Eu sei que nem todos os crentes são assim, mal seria. Mas não deixa de ser curioso 🙂
Agradeço ao João Paulo, da lista despertar, a informação sobre esta notícia.
« The Government, being resolved to undertake the political and moral purification of our public life, is creating and securing the conditions necessary for a really profound revival of religious life (…) The national Government regards the two Christian confessions as the weightiest factors for the maintenance of our nationality. It will respect the agreements concluded between it and the federal States. Their rights are not to be infringed.(…) The Government of the Reich, which regards Christianity as the unshakable foundation of the morals and moral code of the nation, attaches the greatest value to friendly relations with the Holy See, and is endeavoring to develop them..»
– Adolf Hitler, discurso no Reichstag em 23 Março de 1933
Um post do Carlos criou veementes protestos, nomeadamente a acusação de mistura de alhos com bugalhos, ou seja, a mistura da religião católica com o horror do Holocausto. Na realidade acho que o post do Carlos nos recordou quão fácil é usar a religião para os mais ignóbeis fins. E é um alerta para que os eventos que tão tristemente relembramos hoje não se venham a repetir. A intolerância disfarçada com as roupagens da fé não deixa de ser intolerância mas é certamente mais «aceitável» para os crentes. Porque acima da razão e da crítica deve estar a obediência a Deus e aos seus representantes na Terra, os exegetas que interpretam à sua conveniência os textos ditos «sagrados».
As causas da II Guerra são, como é óbvio, complexas e diversas mas não devemos ignorar o papel desastroso que a religião teve nos acontecimentos que culminaram no Holocausto. O ódio de Hitler pelos judeus foi incutido pela sua religião, a visão exegética da religião católica dominante, e reforçado pela cultura germânica da época. A sua obsessão pela exterminação dos judeus, o «eixo do mal» para Hitler, era a sua forma de realizar o trabalho de Deus. Muitos altos dignitários das igrejas cristãs viam o trabalho de Hitler, não só na eliminação dos judeus mas também no combate ao comunismo soviético, como divinamente inspirado. Os nazis apresentavam-se como mais que um partido político, como um movimento que pretendia abranger todos os aspectos da vida quotidiana, em que a religião tinha um papel preponderante. O próprio Hitler usa a sua fé católica como inspiração para os seus inúmeros discursos, para o «Mein Kampf» de triste memória e como justificação para todo o mal que cometeu.
O Holocausto foi aceite sem grande contestação pelo povo alemão porque foi precedido por uma intoxicação da opinião pública contra os judeus por parte não só da propaganda nazi, como das igrejas protestantes, e por partidos católicos na Áustria e na Alemanha. Com o beneplácito da Igreja de Roma, como veremos no post seguinte.
A laicidade na Alemanha nunca foi sequer considerada antes da segunda guerra mundial. Por exemplo, os jovens que se formavam nas Escolas Militares alemãs do final do século XIX juravam obediência a Deus e ao Kaiser. Aliás é essa promiscuidade, a aliança entre a Igreja – Estado na Alemanha que inspira Nietzsche para o seu livro «O Anticristo». Mas um factor decisivo foi a celebração, em 1917, do quarto centenário das Teses de Martinho Lutero. O evento, infelizmente, tornou-se um veículo de idolatria de Lutero como um herói alemão, encarnando o espírito germânico. O anti-semitismo manifestado por Lutero foi assim facilmente utilizado na cooptação da Igreja Protestante como instrumento do Estado nazi.
Em 1920, o Partido dos Trabalhadores Alemães, precursor do Partido Nacional Socialista, adoptou um manifesto de 25 pontos, obviamente anti-semita, que limitava a liberdade religiosa, permitindo-a apenas na medida em que não ferisse os sentimentos raciais alemães, adoptando o que foi chamado de «Cristianismo Positivista».
Em 1928 surgia o movimento do Cristianismo Germânico, associado às Igrejas Protestantes da Alemanha, oficializado posteriormente em 1932. O líder do movimento era o Pastor Ludwig Muller, o chefe da Gestapo a partir de 1939, investido bispo da Igreja do Reich em 1933.
Em Julho de 1933, o Cristianismo Germânico ganhou as eleições nas igrejas protestantes com 70% dos votos e elaborou uma proposta de constituição para uma nova Igreja do Reich, muito desejada por Hitler, formada por todas as 28 igrejas regionais protestantes, reconhecida oficialmente pelo Reichstag em 14 de Julho. Da facção perdedora,o Evangelho e a Igreja, emergiram os religiosos que se opuseram a Hitler, que são agora usados como confirmação da oposição das Igrejas a Hitler, quando na realidade eram apenas uma honrosa minoria.
Se há coisa que mais me confunde no mundo teológico é a autoridade interpretativa do exegeta. Os textos sagrados ou são literais, como nos querem fazer crer alguns envangelistas norte-americanos (e o assunto fica por aí, sendo ainda mais fácil a exposição da obtusidade da prática religiosa ou da mensagem textual) ou são metafóricos, necessitando nesse caso de uma interpretação “profissional”. E esse profissionalismo só é garantido, mais do que àquele que compreende o texto original e domina o latim, o grego, o árabe, o aramaico o atlante e a História, a quem pertence à religião cujo texto pretende interpretar.
A subjectividade da interpretação hermenêutica é facilmente eclipsada pelo peso do dogmatismo. Não é difícil extrair um significado sagrado de um texto contraditório, obscuro ou metafórico. O difícil é perceber o porquê de tanta exegese, tradução e interpretação se os textos continuam contraditórios, obscuros e metafóricos. Daí que as sucessivas contradições da Bíblia, por exemplo, necessitem de uma lavagem cerebral intensiva (ou ausência de espírito crítico) para poderem caber dentro das cabeças que acreditam nela, sem causar incómodo. Quando o disparate espreita aos olhos de alguém atento de nada adianta a um “leigo” criticá-lo – se é uma contradição há que conhecer o contexto, se é um erro de tradução há que conhecer a língua original, se é uma metáfora ninguém lhe garante que a percebeu, se é obscuro Deus escreve direito por linhas tortas e, ó malfadada compreensão humana, há que lembrar que os textos foram escritos por homens, falíveis e confusos. Ad hoc. Ad infinitum.
Um texto que necessite de uma exaustiva descodificação é, antes de mais, um texto complicado. Um texto que só pode ser interpretado por um grupo de pessoas escolhidas tendenciosamente sem qualquer critério senão o de que vão dizer aquilo que se pretende, é um texto de acesso restrito e a sua interpretação algo viciada. É um texto feito suspeitosa e propositadamente inacessível. E não vejo nenhum outro propósito senão o de conservar a suspeitosa importância do clero.
Para mim é simples: se tivermos espírito crítico, não precisamos do Espírito Santo.
Havia muito que S. Victor ouvia as preces dos devotos e as deferia na medida das suas disponibilidades, de acordo com a modéstia dos mendicantes. Afeiçoaram-se os créus ao taumaturgo e este aos paroquianos que o fizeram patrono da maior paróquia da Arquidiocese de Braga.
Há tempos foi retirado do «Martirológio» – o rol da Igreja Católica que regista todos os santos e beatos reconhecidos ao longo de vinte séculos, desde que a ICAR se estabeleceu. O argumento é pouco convincente e deveras injusto. Não se retira do catálogo um santo por ser apenas uma lenda. Que o tenham feito a S. Guinefort, cão e mártir morto injustamente pelo dono, aceita-se porque a santidade não se estende aos quadrúpedes domésticos. Duas mulas, que os rudimentares conhecimentos de grego dos padres confundiram com duas piedosas mulheres, compreende-se que fossem apeadas dos altares, que não foram feitos para solípedes.
Mas um santo com provas dadas, clientela segura, devoção fiel, é uma maldade que não se faz aos pios fregueses, tementes a Deus e cumpridores dos Mandamentos. O padre Sérgio Torres afirmou ao «Correio do Minho» que os paroquianos «reagiram com desagrado e muita surpresa». Não lhe permitiu o múnus e a educação dizer que foi uma patifaria do Vaticano. O séc. IV, em que o jovem Victor foi condenado à morte por se recusar a participar numa cerimónia pagã, segundo a tradição agora desmentida, foi há tanto tempo! Que importa uma pequena mentira numa Religião que vive das grandes?
E agora? Que fazer? Arrancam-se os azulejos que documentam a mentira? Transfere-se a devoção para os santos fabricados por João Paulo II, alguns tão pouco recomendáveis e tão detestáveis, apenas com a sorte de terem dois milagres no currículo?
O presidente da Junta de Freguesia de São Victor, Firmino Marques, embora revelando «algum desconforto», justifica a retirada do orago do calendário litúrgico «somente pelos critérios científicos usados actualmente para a proclamação dos santos e beatos da Igreja Católica». Este autarca é um admirador confesso da ciência.
Nova Deli, Índia, 258 mortos oficiais num acidente de massas, durante um festival hindu.Durante a procissão dos crentes e fiéis, acompanhando uma imagem da divindade que retornava ao templo, irrompeu um incêndio num conjunto de tendas situadas ao lado da procissão. No pânico que se seguiu centenas de pessoas foram esmagadas e pisadas até à morte.
Este ano não houve acidentes em Meca. Os hindus resolveram aproveitar para subir a parada na competição…
A Notícia
Alguém vê Jesus Cristo? Eu sinceramente só consigo ver um macaco a espreitar do lado de uma parede. Mas devo ser eu que reconheço comportamentos animais em todos os humanos.
A Notícia
Este monge budista, é conhecido por ser um grande escultor de madeiras. Conseguiu retirar do anonimato o pequeno templo de que é responsável, esculpindo para os turistas imagens do inferno. O templo também é conhecido por exercer a especialidade de exorcismos de almas de bébes abortados. Uma mulher traumatizada por um aborto espontâneo, que pediu um exorcismo, acusa o referido monge de violação.
Quem tem o inferno dentro de si… (leia a notícia original para perceber)
A Notícia
Um meteorito de 10 onças caiu próximo de Phnom Penh, Cambodja. O objecto incandescente provocou incêndios nas florestas à volta da cidade, e terá sido posteriormente transladado para um templo local. Multidões de curiosos acorreram ao local onde se dirigem ao meteorito em oração.
Alguém se lembra da pedra negra em Meca? Esta chegou tarde demais para fazer concorrência.
A Notícia
Pastor de seita defende-se em tribunal de acusação de casamento com menor de 10 anos, tendo ele 56 anos. O argumento de defesa apresentado em tribunal pelo jovem (de espírito, claro) pastor é muito simples: não há nenhuma lei no Canadá que defina uma idade mínima para o casamento. Exige ainda ser reunido de volta à sua «esposa» porque uma das missões que recebeu de Deus é aconselhamento de casais, e que para tal precisa da sua esposa.
Demasiadas leituras do velho testamento onde se encontra a única e verdadeira lei de Deus. Afinal porque havia ele de mudar de opinião? Ou seremos as cobaias de Deus?
A Notícia
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.