Ateísmo de hastes: Ein
Dois artigos surgiram, ontem e hoje, no Renas e Veados que, pela proximidade com as posições do Diário Ateísta, importa comentar.
A posição de base, publicada no primeiro texto de João O., é idêntica à nossa: «Somos descrentes. Ou seja, não alimentamos qualquer crença religiosa. E somos felizes por não as ter. Apesar disso, não me parece que alimentemos alguma posição anti-católicos ou anti-pessoas religiosas, ou seja, contra quem mantem uma fé ou uma crença em qualquer religião, deus(es) e cultos afins». Também nós não cremos numa entidade divina superior ou metafísica. Como já esclarecemos várias vezes, nada temos contra os crentes. Convivemos pacificamente com eles, temos muitos amigos crentes, não nos fechamos num círculo e não nos relacionamos somente com ateus.
João O. continua: «este blog não compactua com posições reacionárias e anti-direitos humanos, nomeadamente a da ICAR no que toca aos direitos civis, sociais e políticos das pessoas. E aqui condenamos de forma veemente esta instituição. Por tudo o que ela significa e pela sua influência. Por ser uma monarquia teocêntrica, patriarcal e sexista. Como também não nos cansamos nem cansaremos de condenar as posições atentatórias à laicidade do Estado, os privilégios que o Estado confere a esta instituição por via da negociata concordata, nem os seus alinhamentos iguais aos da direita mais reaccionária. Também por questões históricas, como inquisições, apoios a ditaduras, apoios (velados ou explícitos) a genocídios e outras atrocidades em que esta malta participou». E eis que as nossas posições se encontram novamente. Não temos nada contra os crentes – cada um acredita no que quer -, mas não renunciaremos ao direito de nos indignarmos contra uma organização que perseguiu e continua a perseguir, quer pela condenação do aborto quer pela proibição de métodos contraceptivos, mulheres, condena homossexuais, defende a sua moralidade como sendo a única e verdade e negoceia tratatos internacionais por baixo da mesa. Mas, antes de nos acusarem de só «atacarmos» a ICAR, esclareço desde já que somos contra qualquer instituição religiosa que promova tais valores.
Um outro ponto que João O. foca é o poder que a ICAR tem de «difundir a sua doutrina sem travões(…) usando da sua influência eleitoral, decidindo quer como eminências pardas, quer como formadores de opinião, os destinos de todos», católicos ou não.