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Propaganda política à moda medieval

Veja aqui um detalhe do mural, e aqui a obra completa

Um mural do século XIII descoberto há quatro anos na cidade Massa Marittima, Toscana, na opinião do Dr. George Ferzoco, constitui o primeiro exemplar de propaganda política na História.

No livro que publicou recentemente, o perito em história toscana explica que este mural pretendia ser um aviso aos locais dos apoiantes do papado, os Guelphs, para que não permitissem a subida ao poder dos seus rivais políticos, os Ghibellines, já que estes introduziriam a heresia, perversão sexual, feitiçaria e caos.

Os Guelphs e os Ghibellines constituíam duas facções que, durante a Idade Média, lutaram por décadas pelo poder na Toscana em particular e no norte da Itália em geral. Niccolo Machiavelli é certamente mais (injustamente) conhecido pelo «O Príncipe» mas a sua obra prima «História de Florença», especialmente a partir do capítulo V, ilustra magistralmente este episódio de uma Itália dividida por guerras fraticidas que pretendiam o controle secular pela Igreja de Roma.

No dito mural propagandístico domina uma árvore deveras peculiar, já que os seus ramos estão recobertos de exemplares sortidos de uma parte específica da anatomia masculina. Debaixo da árvore são representadas mulheres, que Ferzoco diz simbolizarem bruxas, entregues a uma tarefa muito popular, de acordo com o folclore toscano dominante à época: o cultivo em ninhos de aves dessa parte da anatomia masculina, previamente roubada a incautos, que depois de assim tratadas adquiririam vida própria.

Duas das mulheres representadas parecem lutar pela posse de um destes animizados orgãos sexuais masculinos magicamente cultivados. Outra é sodomizada por um dos vinte e cinco «objectos» mágicos voadores.

«Na Idade Média, os heréticos dedicavam-se a uma coisa em especial que era a sodomia.» explica o Dr Ferzoco. «Para a mente italiana medieval, tal constituía um acto que exemplificava o agir contra natura, desarmonia, e falta de sentimento de comunidade.»

O autor relembra ainda uma passagem do tenebroso Malleus Maleficarum, o manual de caça às bruxas da santa Inquisição, responsável pela queima na fogueira de entre seiscentas mil a nove milhões de mulheres inocentes. Nela monges indicam ser prática das bruxas «a recolha de orgãos sexuais masculinos em grandes números, tantos como vinte ou trinta, e colocam-nos num ninho de pássaros ou fecham-nos numa caixa, onde eles se locomovem como membros vivos e comem aveia e milho, como tem sido visto por muitos e é alvo de descrição comum».

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