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Religião e psicose

Notícias macabras de mães que mataram violentamente os filhos têm sido ultimamente fequentes no estado do Texas. No mês passado a filha de dez meses de Dena Schlosser foi a infeliz protagonista de mais um caso.

Os Schlosser são membros de uma Igreja fundamentalista, a Igreja da «Água da Vida», dirigida por auto-proclamado profeta, Doyle Davidson, que ensina serem as mulheres dominadas pelo espírito rebelde de Zezebel e que os Dez Mandamentos não se aplicam aos «justos».

Na realidade, estas mulheres têm em comum, para além de uma severa doença mental ou psicose, reclamarem que as suas acções têm uma justificação religiosa, seja no caso de Andrea Yates uma «ordem» do Demo para afogar os seus cinco filhos, de Deus para Deanna Yates apedrejar à morte os seus três filhos ou a vontade de Dena Schlosser de entregar os filhos a Deus. A recorrência do tema religião nas causas subjacentes aos assassínios levanta a questão se haverá culpa da religião nestes, pergunta que, nuns Estados Unidos em que cada vez mais esta tem um papel preponderante no quotidiano, justificou vários estudos.

Alguns peritos no campo da psiquiatria sugerem que certas doenças mentais são muito difíceis de identificar e tratar em seguidores de religiões para as quais o Diabo tem existência real, e é o culpado por comportamentos «estranhos», e que acreditam mais no poder da oração que na Ciência. Sugerem ainda que em ambientes fundamentalistas os sintomas de desordem psicológica, mesmo severa, podem parecer comportamentos normais aos fiéis: a obsessão (em relação a um líder religioso, fim do mundo, etc..) pode ser interpretada como fervor religioso e manifestações esquizofrénicas como visões religiosas.

Por exemplo, no caso de Laney, esta informou a sua congregação Pentecostal que o mundo estava a acabar e que Deus lhe tinha dito para pôr a sua casa em ordem. Nenhum membro do seu rebanho achou estranha esta afirmação, considerando-a uma expectável manifestação de devoção.

O Dr. Phillip Resnick, testemunha no caso Laney manifestou a sua estupefacção sobre a reacção do respectivo pastor sobre o que este faria se detectasse indicações de perturbação mental num dos seus fiéis. O pio pastor recomendaria tal pessoa aos cuidados de um religioso e não a um psiquiatra.

Outro perito considera que, não obstante a religião não provocar distúrbios mentais per se, predisposições para este tipo de disfunções podem ser agravadas em ambientes religiosos em que os lideres religiosos reclamam falar em nome de Deus e exigem a obediência absoluta dos créus .

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