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Não à chantagem religiosa

A intolerância religiosa que aflora um pouco por toda a Europa é um vírus que urge ser debelado. Não se trata de um epifenómeno exclusivo de grupos minoritários ou de uma única religião, começa a ser uma pandemia que alastra a todos os credos e compromete largas camadas de crentes.

Diariamente chegam ecos de violência religiosa, de comportamentos perversos oriundos de guetos «comunitaristas» onde, a coberto da cultura e da tradição, se cometem os mais infames atropelos aos direitos humanos, especialmente contra mulheres. Desde a excisão aos assassinatos em nome da honra, conceitos tribais fazem escola numa Europa cuja secularização parecia ter vencido os preconceitos medievais.

A própria ICAR, que desde 1961 deixou de actualizar o Índex (catálogo de livros cuja leitura interdita), voltou a recorrer à obsessão demente de influenciar a legislação dos países onde tem expressão, tentando impor a crentes e não crentes os seus preconceitos.

No Reino Unido um grupo islâmico ordenou a morte de Terrence McNally, autor da peça «Corpus Christi», por apresentar Cristo como homossexual e alcoólico. Acresce tratar-se do fundador de uma seita concorrente que, para os muçulmanos, não passa de um profeta de segunda categoria. Aos ateus pouco interessa a vida sexual de Cristo e, muito menos, a quantidade de copos que ingeria, mesmo que algumas das suas máximas se afigurem proferidas sob o efeito do álcool.

Na peça, Cristo aparece seduzido por Judas e crucificado por ser homossexual. Se esta versão correspondesse à verdade só havia que respeitar a orientação sexual do «divino mestre» e repudiar a crueldade e injustiça do castigo, desse ou doutro qualquer. Permitir ameaças de morte a quem exerce a liberdade de expressão, por quem defende a pena de morte para o adultério e a blasfémia, é resignarmo-nos ao regresso à barbárie, ao retrocesso da civilização, à renúncia aos direitos, liberdades e garantias que a democracia conferiu aos homens e mulheres dos países civilizados.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

- Sócio da Associação 25 de Abril

- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;

- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida

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- Colaborador do Jornal do Fundão;

- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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