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«Cristianovitimização»

Desde há uns tempos para cá o Vaticano anda a fazer pressões mais ou menos discretas para conseguir aprovar dentro das instituições internacionais, como a ONU, um novo termo: a «cristianofobia».

Achando que o facto de o judaísmo e o islamismo terem referências específicas na lista da ONU era uma espécie de tratamento preferencial, o Vaticano exige a igualdade com as outras religiões do livro.

Há vários aspectos interessantes nesta exigência:

– O Vaticano não consultou nem os ortodoxos nem os protestantes sobre esta medida, sendo que está a fazer a campanha por conta própria, falando por todos os cristãos do mundo (como nos bons velhos tempos) – mas apesar de não terem sido consultados os protestantes americanos mostram-se muito satisfeitos pois, como bem sabemos, o meio rural americano é intrinsecamente agressivo ao cristianismo.

– Ao mesmo tempo que quer negar direitos a outros (o caso mais escandaloso é o das minorias sexuais), fazendo pressões e acordos (com o diabo?) para que as votações vão no sentido que lhe interessa, exige os mesmos direitos para si mesmo, arrogando-se de minoria em vias de extinção.

Eu sou pela liberdade da e de religião, acho que todos devem poder adorar quem e o que quiserem, e entendo que em certos países (como a Índia ou a China) ser cristão não é fazer parte do status quo e que tais medidas podiam ter um efeito positivo, mas o que eu acho revoltante, e não posso de forma alguma tolerar, é que um grupo que discrimina e promove o abuso de outros tenha o descaramento de vir propor tal medida. Antes de reclamarem protecção internacional se calhar era boa ideia deixar a hipocrisia de lado e olhar para o próprio umbigo.

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