A lei da blasfémia – a saga continua
Na última semana um dos mais curiosos projectos do governo inglês veio a público. Não de uma forma concreta e oficial mas mais como que um teste das águas da opinião pública.
O projecto de lei é nada mais nada menos que uma proibição de todo o tipo de blasfémia (ou seja, todo o tipo de descrição menos simpática e/ou elogiosa de qualquer crença religiosa). A opinião pública inglesa reagiu de forma negativa a uma medida que considera como uma clara violação do direito individual de livre expressão. O governo bem tenta vender a medida como uma panaceia para a intolerância religiosa mas nem isso parece funcionar.
Mas a reprovação não se ficou pela opinião pública, os partidos da oposição também se mostraram desfavoráveis, os conservadores linearmente opuseram-se e os liberais democratas têm sérias dúvidas sobre tais medidas.
A gota de água foi quando o actor Rowan Atkinson (o famoso Mr Bean e Blackadder) em conjunto com outros comediantes e com a National Secular Society vieram publicamente denunciar a medida pelo que ela é: ineficaz, abusiva e destruidora de direitos básicos de expressão e critica.
Como já mencionei, em comentários que fiz anteriormente, os extremistas religiosos estão a unir-se e a preparar-se para um verdadeiro assalto à sociedade europeia tal como a conhecemos (o fenómeno é especialmente visível no Reino Unido, talvez devido à proximidade cultural com os EUA). Desta vez o governo recuou, dizendo que a proibição não se aplica à comédia, mas ainda não se sabe bem ao que se aplicará, será que voltaremos ao tempo dos censores religiosos e das fogueiras? Não me parece provável que os defensores da ortodoxia religiosa sejam bem sucedidos neste primeiro assalto mas é preciso ter cuidado, estamos a lutar pela sobrevivência de um dos bens mais preciosos que temos, a sociedade secular.