Abdel Nasser Ibrahim Mahmud, um homem a quem Deus outorgou o privilégio de se tornar «muezin» (uma espécie de tocador de sinos da ICAR, ou seja, o muçulmano que do minarete da mesquita anuncia o horário das orações), esfaqueou até à morte quatro das suas sete filhas e deixou seriamente feridas as restantes três, depois de ter expulsado de casa, um mês antes, a mulher que em 18 anos só lhe deu filhas.
O piedoso muçulmano terá confessado aos vizinhos: «eu matei-as porque não queria meninas, queria um menino». A piedosa selvajaria aconteceu numa das regiões mais retrógradas e piedosas do Egipto (185 km. a sul de Sohag), uma região onde é considerada uma humilhação a ausência de um herdeiro do sexo masculino.
Perante um Deus misógino e cruel, para os crentes cuja demência acompanha a devoção, o crime é um acto de fé, uma forma extrema de busca da santidade e do martírio.
Estava hoje entregue a um dos meus passatempos preferidos, zapping aos telejornais nacionais, quando deparo com um apontamento muito interessante, num canal à partida insuspeito: a TVI.
Versava o programa sobre a vida de um padre, transcrita no livro que dá título ao post, no original «Sin tapujos: La vida sexual de un cura», obra que esgotou em dois dias e abriu um debate sobre o celibato na Argentina. No programa da TVI o Padre José Guillermo «Quito» Mariani, prestes a ser julgado por um tribunal eclesiástico pelas páginas que escreveu, admite que por uma questão de coerência não acata a ordem de “silêncio absoluto” imposta pelo arcebispo de Córdoba, Carlos Ñañez, e continua a dar entrevistas e a colaborar num canal local de televisão. Onde transmite não só a sua posição sem dogmas em relação ao sexo como também entra em rota de colisão com o catolicismo instituido em relação a outros assuntos de cariz social, nomeadamente no que respeita à colaboração entre a Igreja Católica e as ditaduras que se viveram na Argentina (e não só).
O sacerdote, com uma anterior incursão poética, Poemas de Confissão e Denúncia, confessa no livro duas relações sexuais que manteve com mulheres e uma tentativa com um homem. Acrescenta que «No Vaticano vi coisas que me chocaram: os negócios, as rivalidades por cargos, as vendas pelo cardeal Ottaviani das fotos da agonia de Pio XII para o Washington Post. Ali todos sabiam que havia, em pleno Vaticano, prostituição masculina e feminina».
Numa entrevista ao periódico argentino Rio Negro o padre afirma que «Todo o tipo de literatura, ensaios, investigação histórica, etc., que denuncie o dogmatismo e o espírito acrítico com que se move há séculos a hierarquia eclesiástica, é considerado, dentro da Igreja, como uma obra de genética satânica…»
Acho que este padre (católico), idolatrado pelos seus paroquianos, concordaria com a maioria dos posts do Diário Ateísta…
O cineasta holandês Theo van Gogh, que realizou o polémico filme «Submission» em que é criticada a violência contra mulheres nas sociedades islâmicas, foi hoje assassinado por um homem que, de acordo com testemunhas oculares, vestia as vestes tradicionais marroquinas.
Desde que o filme passou na televisão holandesa que o cineasta e a deputada liberal Ayaan Hirsi Ali, uma etíope que renunciou ao islamismo e cuja fuga a um casamento pré arranjado inspirou o filme, foram ameaçados de morte por fundamentalistas islâmicos.
O primeiro ministro holandês, Jan Peter Balkenende, afirmou ser inaceitável que a expressão da opinião do cineasta pudesse motivar um assassínio tão brutal.
Na Holanda vivem cerca de um milhão de muçulmanos, aproximadamente 5,5% da população.
O Diário Ateísta agradece a todos os amigos e inimigos que o visitaram o sucesso para que contribuíram.
Se um homem, sem emprego nem poiso certo, estaciona a mala numa praça e começa a fazer propaganda a umas caixas de pomada que tira do interior, se diz que o unguento cura o reumatismo e a ciática, regulariza os intestinos e alivia as dores de cabeça, protege os rins e baixa a tensão, cura os diabetes e evita as artroses, esse homem que vende duas caixinhas por metade do preço de uma única, em qualquer casa da especialidade, é um aldrabão.
Se uma cigana, carregada de filhos, de netos e de fome, lê a palma da mão a um casal de namorados e lhes anuncia três filhos e muitas felicidades, um ou outro contratempo e uma longa viagem, largos períodos de muita paixão e curtos amuos, os adverte contra os maus olhados e a inveja, lhes pede um euro por cada linha da sorte que percorreu e acaba por se contentar com uma moeda, reduzindo o número de filhos e o grau de felicidade, é uma aldrabona.
Se um clandestino lhe quer vender um Rolex em platina, mais falso do que um clérigo romano, desviado da alfândega por um larápio em desespero, cheio de fome e medo da polícia, merece ser preso e deportado porque é um vigarista.
Se uma empresa domiciliada num apartado postal põe um anúncio a solicitar-lhe o envio de cinquenta euros, em cheque ou vale de correio, e, em troca, lhe promete um emprego que lhe permite ganhar até cinco mil euros mensais, sem sair de casa, é uma associação especializada no conto do vigário e que deve ser denunciada à polícia como criminosa.
Mas, se uma organização internacional, com rede de vendedores, comercializa indulgências e transportes para o Paraíso, transforma água vulgar em água benta, purifica pecadores com borrifos de hissope, limpa os pecados da alma usando como benzina sinais cabalísticos e ladainhas, distribui rodelas de pão ázimo e diz que contêm o corpo e o sangue de um pregador desaparecido há dois mil anos, fabrica milagres e cria santos, é a ICAR, igreja cujos bispos, padres, monsenhores, cardeais, diáconos e o próprio Papa só pensam na paz e no bem da humanidade. É respeitável e tem direito à protecção e preferência nos seus produtos, através de um convénio comercial a que se chama Concordata. A sede é no Vaticano.
Apostila – Para a ICAR, hoje é dia de todos os santos mas, com o fabrico em série, até o ano inteiro começa a ser curto para caberem tantos.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.