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Presos e doentes, copiai

O projecto «A Bíblia Manuscrita», organizado pela Sociedade Bíblica Portuguesa e já comentado no Diário Ateísta, continua a estender os seus tentáculos a todas as instituições do país. Depois de se terem instalado nas escolas, depois de terem tido o Presidente da República, o presidente do Tribunal Constitucional e o Primeiro Ministro a copiarem versículos da Bíblia, a SBP levará um «scriptorium» móvel ao Hosptial de Sta Marta, em Lisboa, «com o objectivo de que alguns dos muitos que querem e não podem deslocar-se a um dos 22 scriptoria abertos em todo o país, inscrevam a sua caligrafia nesta obra inédita e memorável», lê-se na Agência Ecclesia.

De acordo com o coordenador, Alfredo Abreu, esta será «uma acção simbólica e representativa destes locais de dor e esperança, em que doentes, médicos, enfermeiros e restante pessoal hospitalar terão uma das raras ocasiões em que se juntam num mesmo projecto». Claro que ninguém se lembra, primeiro, de que os hospitais públicos, como qualquer entidade pública, está sujeita ao princípio da laicidade e da não-discriminação e, segundo, que nem todos os doentes são católicos e, assim, não devem ser obrigados a suportar acções de propaganda religiosa.

Mas não são apenas os doentes hospitalizados a receberem a visita copista, o que me recorda de algumas iniciativas evangelizadoras em estabelecimentos prisionais norte-americanos. Sexta-feira, as detidas, guardas e outro pessoal do estabelecimento prisional de Tires terão a oportunidade de manuscreverem passagens da Bíblia. Não bastava estarem presas…

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