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Filhas mortas à facada

Abdel Nasser Ibrahim Mahmud, um homem a quem Deus outorgou o privilégio de se tornar «muezin» (uma espécie de tocador de sinos da ICAR, ou seja, o muçulmano que do minarete da mesquita anuncia o horário das orações), esfaqueou até à morte quatro das suas sete filhas e deixou seriamente feridas as restantes três, depois de ter expulsado de casa, um mês antes, a mulher que em 18 anos só lhe deu filhas.

O piedoso muçulmano terá confessado aos vizinhos: «eu matei-as porque não queria meninas, queria um menino». A piedosa selvajaria aconteceu numa das regiões mais retrógradas e piedosas do Egipto (185 km. a sul de Sohag), uma região onde é considerada uma humilhação a ausência de um herdeiro do sexo masculino.

Perante um Deus misógino e cruel, para os crentes cuja demência acompanha a devoção, o crime é um acto de fé, uma forma extrema de busca da santidade e do martírio.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

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- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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