8 de Outubro, 2004 Mariana de Oliveira
Vinde a mim as criancinhas
João Paulo II está preocupado com o destino das crianças que morrem sem baptismo.
Parece que está em discussão uma doutrina de origem medieval que coloca as crianças mortas sem terem cometido qualquer ofensa, mas que não tenham sido baptizadas – e, assim, não expurgadas da culpa do pecado original – no limbo, um lugar sem tormentos afastado de Deus, o qual decidirá eventualmente o destino dessas almas. Esta zona intermédia, supostamente, durará toda a eternidade e nela não há castigo nem júbilo de estar na presença de Deus, o que deve ser aborrecido.
A estas crianças não se imputa qualquer juízo de censura (ou culpa) só que, «não tendo renascido na água e no espírito santo», mantiveram-se no pecado original e não podem entrar no Reino dos Céus. No entanto, como dizia São Tomás, 0s meninos mortos sem o mergulho na água benta teriam gozado de uma «beatitude natural. Serão felizes em participar amplamente na bondade divida».
Portanto, o estudo deste problema deverá ter em conta, diz JP2, a grande misericórdia de Deus o qual, dizem, quis que os todos os homens fossem salvos e também «as explícitas frases de Jesus sobre a necessidade do baptismo, o sentido do pecado original e o valor dos sacramentos».
Assim, a ICAR continua a ter o monopólio da salvação post mortem e as crianças que não foram obrigadas pelos pais a participarem numa cerimónia sem terem consciência do seu significado não arderão no fogo do Inferno como castigo da sua imprudência – terem nascido -, mas ficarão numa espécie de prisão preventiva. Deveras desagradável…