Phillip Berg fundador do Centro Kabbala de Los Angeles acabou de ter um enorme ataque cardíaco.
Infelizmente, as fitinhas vermelhas «cheias de energia do túmulo de Esther» não parecem ajudar muito no acumular do colesterol…
Podemos ler no Renas mais pormenores sobre a famosa fitinha vermelha e a família de Madonna.
O inenarrável João César das Neves volta a atacar, desta vez não um dos mais prestigiados neurocientistas da actualidade, mas o primeiro-ministro espanhol, José Luis Zapatero, com pleno recurso às habituais falácias e proselitismo com que mimoseia semanalmente os leitores do Diário de Notícias.
Tenho imensa pena que o Diário de Notícias tenha deixado de disponibilizar os seus conteúdos online, já que ler a opinação do supracitado colunista era o meu momento zen das segundas feiras. Mas desta vez o conteúdo da coluna de J.C. das Neves é demasiado forte, até mesmo para o que nos habituámos a ler saído da sua pena sofista.
A prosa de ontem versa sobre a sua inquietação em relação ao estado antidemocrático e populista (na opinião dele, claro) que caracteriza a Espanha actual. Manifestando a sua indignação profunda por os espanhóis terem um Primeiro Ministro em que os eleitores não se revêm. Manifestando a esperança que o PSOE consiga fazer de Zapatero um estadista. Em causa, como é óbvio, estão as recentes medidas do governo socialista espanhol que conduziram a uma guerra aberta com a delegação em Espanha da Igreja Católica Apostólica de Roma.
Como tão bem diz o Rui Tavares do Barnabé no post A obra-prima do disparate «César das Neves está tão preocupado com Espanha que chega a sugerir que o país possa cair numa nova guerra civil. E isso porque a Igreja Católica espanhola “está a ser perseguida”, o que, aliás, “sempre tem tido boas consequências para a fé… tempos difíceis afirmam o fervor e avançam a evangelização”. Diz César das Neves que não é um problema de legitimidade de Zapatero, mas “que o seu cargo também lhe dá poder e legitimidade para deitar fogo ao Museu do Prado”, uma barbaridade equivalente às barbaridades que verbera César das Neves sem nunca nos dizer exactamente quais são, mas que se imagina que sejam as decisões do governo espanhol acabar com a obrigatoriedade das aulas de religião e aceitar o casamento homossexual.
Nota para João César das Neves: em Espanha, tal como outrora em Portugal, quando há eleições os partidos apresentam programas. O partido que ganha deve cumprir com o seu programa, que foi validado pela maioria dos eleitores. No programa do PSOE não estava deitar fogo ao Museu do Prado (eram capazes, sei lá, de ter perdido), mas estava legalizar as uniões homossexuais e desobrigar os alunos de terem aulas de religião. Promessas com que ? sabe-se lá como ? ganharam. E agora ? esta é a parte chocante, eu sei ? estão a cumprir as promessas.»
O espírito do pio Pio IX, que invectivou a «ultrajante traição da democracia» condenando a democracia como um «princípio absurdo», a liberdade de opinião como «loucura e erro» e especialmente condenatório do laicismo, continua presente na Igreja Católica actual.
Consequentemente a ICAR e seu prosélitos consideram-se perseguidos quando não os deixam impor as suas morais absolutas! Neste caso queixando-se paradoxalmente de um défice democrático, quando na realidade de sentem ultrajados pela própria existência da democracia, que, no léxico de Tomás de Aquino, é catalogado nos regimes políticos maus e ilegítmos…
Em relação ao Filipe da respública, que criticou o Carlos Esperança, classificando-o de ateu intolerante pela crítica que fez a J. C. das Neves, devolvo-lhe (e aos demais católicos fundamentalistas) o conselho: «respeitem os outros na medida em que vocês próprios querem ser respeitados. É verdadeiramente triste que ainda não tenham aprendido isso». E, já agora, aprendam também o significado de democracia! E laicismo! Porque quer Portugal quer Espanha são democracias laicas!
O Cardeal Renato Raffaele Martino, responsável máximo do Conselho pela Justiça e pela Paz do Vaticano, garante que há uma nova «Inquisição» anti-católica na Europa, adiantando, como exemplo, a campanha para impedir Rocco Butiglione de se tornar comissário europeu.
Foi esta nova Inquisição, nomeadamente o comité para as liberdades civis do Parlamento Europeu, que votou contra a candidatura de Buttiglione depois deste candidamente ter afirmado que a homossexualidade era um pecado e que o casamento existe apenas para que as mulheres tenham filhos e sejam protegidas pelos seus maridos. Afirmando uns dias depois que as mães solteiras não são boas pessoas.
Esta presunção do Vaticano de se achar perseguido quando os seus sequazes são democraticamente vetados para posições que lhes permitam impor as suas políticas de homofobia e discriminação das mulheres já enjoa!
Suponho que na sua vitimização autista os dignos eclesiásticos e seus prosélitos não se apercebam do tiro no pé que constitui a comparação de uma votação para um cargo numa instituição democrática com uma instituição absolutista que assassinou no decurso da sua tenebrosa existência muitas centenas de milhares de inocentes. Entre os quais exactamente os grupos que pretendiam continuar a discriminar: mulheres (estima-se entre seiscentos mil e nove milhões o número de «bruxas» queimadas na fogueira) e homossexuais!
A publicidade que vêm à vossa direita, é um anúncio de uma igreja finlandesa a tentar chamar os mais jovens dos seus computadores para a igreja.
Os computadores e a religião são dois comboios, prestes a chocar a alta velocidade. O computador é A inovação tecnológica sem precedentes na história da humanidade.
Turing, Von Neuman e tantos outros, tornaram reais construções teóricas que só pretendiam lidar com os problemas postos pela lógica matemática. Mas quão profícuos se demonstraram essas construções teóricas!!
Hoje, a mundivivência religiosa dos crentes é abalada pelo computador. Esse objecto que para as crianças tanto está vivo, como não pode morrer.
A sua existência é uma dissonância profunda numa visão de um mundo construído por um deus. E as questões filosóficas que os próprios objectos computacionais levantam são subversivas…
Por exemplo, o problema de Turing levanta a questão da validade da revelação, já que não podemos distinguir entre esta e a sua emulação(e logo mentira) por parte do profeta. O que levanta a própria questão das boas intenções de Deus, e logo ao problema do mal.
E a capacidade cada vez maior de cálculo e raciocínio, faz-nos antever um dia a existência de computadores inteligentes…
Ainda me lembro da liberdade e mudança de mentalidades que um mero undo num programa de ambiente gráfico trouxe a muitas pessoas. A vida também se podia viver, experimentando, aprendendo com os nossos erros. E isso, é liberdade.
As igrejas e religiões utilizarão os computadores como um novo medium para as suas actividades proselitadoras (Até já há igrejas virtuais e sacramentos em ambientes virtuais..). Mas o irónico, é que «o meio é a mensagem» e com os computadores ninguém pode ser, a partir de certo ponto de envolvimento, um mero e obediente receptor da mensagem divina.
Manifestações realizaram-se em Dhaka, capital do Bangladesh contra o início do campeonato nacional feminino de futebol. Abanando t-shirts e calções, os crentes fundamentalistas acusavam o futebol feminino de ser anti-islâmico, ao exibir partes do corpo da mulher.
Alguém já imaginou um jogo de futebol com burkas?
A nível do ataque ofensivo, surgem imensas dificuldades, por exemplo, ao rematar a bola. A nível defensivo, as vantagens multiplicam-se. Pelo menos, a guarda-redes decididamente não necessitaria de luvas …
Quanto à arbitragem… A expressão «manchas negras» tomaria outro significado.
Paul Durant, 44, preso em Espanha pelo assassinato de Karen Durrel, escreveu uma carta ao London Daily Mirror confessando-se, acrescentando que depois de matá-la a tinha cortado em bocadinhos, comido as partes que lhe pareceram «interessantes» e se livrado dos restos em pequenos sacos por vários contentores de lixo.
Durrant encontrara Karen e o namorado num bar, e confessara-lhe que estava em Espanha, numa missão divina, para matar e comer pedófilos. Ao mesmo tempo, acreditava que Deus lhe tinha entregue Karen como vítima.
Com 2000 anos de sugestões a psicóticos, é o que temos…
Na sequência de uma denúncia, veio-se a descobrir que a escola feminina Santa Rosa de Trujillo, no Peru, pedia às alunas que se matriculavam um certificado de virgindade e um exame ao sangue para despiste de drogas. O exame ao sangue ainda se compreende, mas um certificado de virgindade?
A notícia não nos esclarece, por sua vez, se aos professores seria pedido um certificado de impotência ou extracção das partes pudendas e da eliminação química do libido.
Como poderemos viver juntos, ateus e crentes?
A questão é de enorme actualidade em sociedades como a nossa, cada vez mais diversificadas nas opções espirituais dos seus cidadãos devido aos efeitos cruzados da secularização, da imigração e das ideias da «nova era»… A resposta que uma democracia deve dar, visando a convivência harmoniosa de todos, é a laicidade do Estado.
Henri Peña-Ruiz é o filósofo nosso contemporâneo que mais rigorosamente tem aprofundado e divulgado o conceito de laicidade, explicitando o seu valor positivo como solução para os problemas do nosso tempo. Nos seus numerosos livros (infelizmente, nenhum deles publicado em português) Peña-Ruiz tira todas as consequências da laicidade como o regime constitucional baseado na distinção clara entre a esfera pública (onde as crenças pessoais dos indivíduos devem ser postas de lado) e a esfera privada (onde se exerce a liberdade de consciência). Desfaz o mito de que a laicidade seria um ideal anti-religioso, e denuncia sem contemplações os integrismos religiosos e as derivas do comunitarismo multiculturalista. Reserva um papel muito especial à escola pública na formação dos futuros cidadãos.
No horizonte, Peña-Ruiz aponta-nos o ideal de cidadãos emancipados, iguais entre si, que possam efectuar as suas escolhas livres da tutela de grupos clericais.
Textos de Henri Peña-Ruiz disponíveis na internete:
Laïcité contre Pensée Unique (francês)
Laicismo y justicia social, palancas de la emancipación (castelhano)
Entrevista sobre o véu islâmico (francês)
Existem várias explicações plausíveis para o facto de Lúcia afirmar ter tido várias conversas com uma galilaica (mitológica), que apesar de ter (alegadamente) vivido e morrido há dois mil anos, teria aparecido em Fátima empoleirada numa azinheira para protestar contra alguns actos legislativos dos governos de Afonso Costa.
(1) Lúcia mente. Jacinta mentiu menos, já que só via e ouvia, não falava. Francisco mentiu ainda menos, pois não ouvia, só via. Como estes dois morreram de forma convenientemente precoce e Lúcia está reclusa, é impossível entrevistá-los.
(2) As três crianças tiveram alucinações, por passarem por privações deliberadamente (fome, sede, sono…) conforme está documentado (aliás, a ICAR não apenas admite que eles passaram privações como os gaba por isso, defendendo que passar fome e faltar às aulas para rezar é um comportamento modelar). É sabido que muitos presos políticos sujeitos à tortura do sono alucinaram. A fome e a sede conduzem igualmente a estados de consciência alterada.
(3) As crianças ingeriram substâncias alucinogéneas. É outra possibilidade. Seria interessante estudar que género de cogumelos existem na zona da Cova da Iria.
(4) Lúcia sofre de uma doença mental que lhe provoca alucinações, por exemplo a esquizofrenia. Esta hipótese é reforçada por Lúcia afirmar que teve outras «visões» mais de dez anos depois.
(5) As crianças foram vítimas de uma maquinação. É indubitável que as crianças caíram sob a tutela do clero local pelo menos a partir da primeira alucinação. O «milagre do Sol», com várias pseudo-testemunhas industriadas para dizerem que haviam visto «qualquer coisa» (variável segundo as mesmas «testemunhas») denota um grande esforço de organização. Convém recordar que António Sérgio (o intelectual e ensaísta) esteve presente no local em 13/10/1917 e só viu nuvens.
Pessoalmente, estou persuadido de que a explicação começa em (2), tem o seu ponto fulcral em (5) e continua em (1), mas não descarto nem (4) nem (3).
Em Outubro de 2001 um artigo de investigadores de uma das faculdades de Medicina mais respeitadas no mundo, o Columbia University’s College of Physicians and Surgeons, deu origem a grandes parangonas nos jornais de todo o globo, clamando ter sido provado cientificamente o poder da oração! Ainda sob o choque do ataque às torres gémeas, muitos americanos acreditaram que o artigo era um sinal de Deus!
Mais discretamente, e sem merecer cabeçalhos da imprensa internacional, o jornal de Medicina Reprodutiva, The Journal of Reproductive Medicine, retirou recentemente da sua página o dito artigo, que pretendia demonstrar os benefícios da oração em tratamentos de fertilidade, após a comunidade científica ter levantado sérias suspeitas sobre a validade do mesmo.
As suspeitas de fraude, especialmente vocais da parte de Bruce L. Flamm, da Universidade da Califórnia em Irvine (UCI), foram acentuadas após um dos autores do estudo, o único sem ligações à Columbia University, se ter declarado culpado num tribunal da Pensilvânia de uma série de acusações de fraude e falsificação de identidade.
O autor, Daniel Wirth, e o seu associado Joseph Steven Horvath, também condenado por fraude, têm um longo currículo de publicações em estudos dúbios de fenómenos paranormais ou sobrenaturais, afiliados com uma misteriosa instituição, a Healing Sciences Research International, aparentemente presidida por Wirth.
Muitos cientistas americanos sentem-se ultrajados pelo financiamento de dois milhões e trezentos mil dólares concedidos pelo governo federal a projectos que pretendem estudar o suposto poder da oração, algo que consideram um completo desperdício de tempo e dinheiro.
Especialmente se considerarmos que a administração Bush, no ano passado, tentou impedir a atribuição de fundos a uma lista de projectos considerados imorais e indignos de financiamento pela The Traditional Values Coalition (TVC), uma organização que representa 43000 Igrejas americanas. A tentativa falhou por dois votos no Congresso americano. Mas este ano foi votado favoravelmente bloquear duas bolsas do NIH e do National Institute of Mental Health (NIMH).
Não há indicações que a TVC levante objecções ao financiamento de projectos pseudo-científicos sobre o poder da oração! Bem pelo contrário!
Esta promiscuidade entre ciência e religião (e não só) levantou sérios protestos e, a pedido de Henry A. Waxman, os democratas no Government Reform Committee da U.S. House of Representatives elaboraram um relatório sobre o assunto, disponível aqui.
O Papa João Paulo II nomeou em Maio passado como Arcipreste da basílica patriarcal de Santa Maria Maior, uma das quatro maiores basílicas de Roma, o Cardeal Bernard Francis Law, o Arcebispo de Boston que foi obrigado a renunciar à posição na sequência do escândalo de pedofilia que abalou esta diocese e levou ao encerramento de dezenas de paróquias em Boston.
Entre os problemas gravíssimos da Igreja Católica de hoje são proeminentes a pedofilia, e, mais grave ainda, a complacência da hierarquia com essa abominação, negando, encobrindo, transferindo padres quando a situação se torna insustentável, enfim abafando todos os casos de abuso sexual de menores.
O Papa condenou os casos de pedofilia de sacerdotes, exigindo tolerância zero. Mas foram apenas palavras… que os actos do Papa desmentem!
Obrigado ao Luís Rodrigues pela informação!
Interessante ainda a resposta do cardeal Joseph Ratzinger ao ser interrogado sobre abusos sexuais do clero, que atribuiu o «enfraquecimento moral de tantos cristãos, e até a própria crise da Igreja» ao «aumento do interesse pela ideologia social e política» considerando que «Não é um bom sinal que muitos ambientes cristãos se caracterizem hoje não pela fé na Trindade, mas na fé de uma tríade repetitiva como mágica: ‘Paz, justiça, respeito pela natureza’». Porque «No sentimental ‘amor ao homem’ perde-se de vista a perspectiva cristã: o homem é, em geral, execrável, indigno de ajuda, não é amável em si mas, no fundo, só por amor daquele Jesus, graças ao qual somos todos irmãos.»
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.