O Kitsch religioso da semana
A imagem que vêem à vossa esquerda, foi encontrada num site escatológico, de oferta libertária e oportunista, o Rotten.com.
A Coreia do Sul tem uma minoria significativa de evangélicos, resultado da influência americana decorrente da guerra com a sua irmã do norte. Lembro-me de na minha infância, se falar na igreja com reverência dos crentes coreanos. Pastores falavam de correntes de oração que se mantinham hà mais de 10 anos. Um grande exemplo de dedicação e obediência por parte desses crentes.
O autor do cartaz bem tentou, mas não pode escapar ao seu ambiente cultural de nascimento.
A sua referência pastorícia são os búfalos de água, que se utilizam para trabalhar os arrozais.
Os hábitos sexuais dos pastores semitas nunca fizeram parte da sua história escatológica, de modo que a imagem não lhe sugeriu nada de alarmante. Para um curso de discipulado e liderança, procurou utilizar uma imagem comum no meio evangélico: o bom pastor. Mas acabou por fazê-lo de uma forma tal, que traz à tona, a verdade esquecida:
o bom pastor não guarda as suas ovelhas, porque as ama… Mais tarde ou mais cedo, vai comê-las.
Nos dias de hoje, para onde quer que nos viremos, ao examinar as actividades das religiões mais prosélitas, não podemos deixar de reparar na quantidade imensa de cursos de liderança!
Seja líder!! O Sal na Terra!! Curso Avançado de Leigos! Discipulado e liderança!
Ao fim de algum tempo, fica-se enjoado. Afinal, tantos cursos de liderança, mas os líderes nas igrejas evangélicas e na ICAR nunca mudam!?
Cumprem-se as promessas expressas em tanto cartaz e actividade?
Quem tiver frequentado um desses cursos prenhes de promessas de poder e esperança, acaba por descobrir que,
a) o curso é para se aprender a «obedecer a Cristo»
b) Um bom líder é um cristão obediente
c) uma quantidade sem-fim de conselhos de «Como fazer amigos e influenciar pessoas»
d) Cristo está a chamar-te para liderar?
e) Lidera-se primeiro os não-crentes pela actuação na comunidade…
As variações do tema são efectivamente entediantes, e a conclusão a que chegamos, é que todos esses cursos não passam do velho esquema de criação de elites internas, atraídas pelo cheirinho do poder, e a tentativa de criar elites corporativas e de interesses na sociedade exterior.
O contraste interessante é que as lideranças das igrejas evangélicas e da ICAR nunca mudam… São sempre os mesmos apelidos que se arrastam pelas lideranças, geração atrás de geração… Na ICAR, dada a proibição reprodutiva da classe clerical acabamos por ter a figura do «pai espiritual». Uma espécie de clonagem mental…
Ou seja: A merda é sempre a mesma e nem mudam as moscas.
O cartaz coreano reflecte a verdade social. As ovelhas vão aos cursos de liderança, mas acabam sempre no cardápio do pastor. De uma maneira, ou da outra…