Refutando Tomás de Aquino(4)
A quinta (e última) «prova» de Tomás de Aquino para a existência de «Deus» é inspirada na «governança do mundo». Aquino afirma que coisas sem «inteligência», tais como os «corpos naturais», actuam para uma finalidade e que isto «é evidente do facto de actuarem sempre, ou quase sempre, da mesma maneira, para obterem o melhor resultado». Por conseguinte, segundo Aquino, não atingem a sua «finalidade» de forma fortuita, mas sim de acordo com um plano. Como «aquilo que não tem inteligência não pode dirigir-se para uma finalidade senão se for dirigido por um ser dotado de conhecimento e inteligência», então Aquino postula a existência de um ser que dirige as coisas da natureza, e chama-lhe «Deus».
Este argumento explora o temor humano de que o mundo não tenha finalidade. Na verdade, muitas pessoas agarram-se à sua crença numa divindade por medo da liberdade. Aceitar que o mundo não foi criado por uma divindade pode não ser difícil, mas aceitar que não há plano e que «por detrás» deste mundo existe apenas a indiferença da natureza, ou seja, que cabe-nos a nós encontrar uma finalidade para a vida, jamais é fácil.
Efectivamente, e ao contrário do que pensava Aquino, não há necessidade de um «Deus» para assegurar que cada pedra cai na vertical (ou para saber viver…). Para isso, bastam as leis da Física. E um ser que «planeasse» o movimento de todas as N partículas do universo teria inevitavelmente de manter a informação correspondente aos vectores posição e velocidade dessas N Partículas. Sendo o universo um espaço tridimensional, tal ser teria de armazenar 6N números. Ou seja, teria de ser tão extenso quanto o universo propriamente dito.