Mas o que é que isso interessa?
Se Deus não existe, porquê debater a sua existência?
Se Deus não existe, porquê perder tempo a falar sobre ele e sobre as diferentes religiões e igrejas?
Para que é que servem as páginas e textos sobre ateísmo?
Para que é que serve este blogue?
Penso que quem tenha uma postura racional, por muito convencido que esteja de uma determinada opinião, está sempre disposto a ouvir a oposta e a debatê-la. Não vê isso como uma fragilidade sua, mas sim como uma força: sabe que se a sua opinião está correcta, os seus argumentos são bons, por isso não há que temer confrontá-los. Sabe que se eventualmente descobrir que uma opinião sua estava errada, isso só vai tornar as suas opiniões melhores com o tempo.
Muitos ateus defendem esta postura racional, e notam que o ateísmo tem tudo a ver com ela. Por outro lado verificam que quanto mais debatem sobre o tema do ateísmo (quer com crentes, agnósticos ou outros ateus), mais completa e coerente fica a sua forma de ver o Universo (e Deus tende a parecer cada vez mais implausível, quanto mais se entende o funcionamento do Universo…).
Mas existe uma outra razão que é mais importante e mobiliza ainda mais ateus para este debate: muitos ateus não gostam da ideia de serem agentes passsivos do mundo em que vivem. Sabendo que não existe nenhuma divindade que vá oferecer o Paraíso para quem passar a vida em fervorosas orações, sabemos que o paraíso só passará de um sonho se o construirmos nós – temos de intervir na sociedade e no mundo, tornando-os melhores.
E para intervirmos, não podemos ignorar o que se passa à nossa volta. Como eu disse algures nos comentários recentes: se um indivíduo ateu quer construir um mundo melhor, “então não pode ser alheio às igrejas e às superstições: quando a OMS acusa a igreja católica de estar a agravar um genocídio; quando o islamismo motiva a Al-Quaeda, quando os bispos espanhóis estão contra a possibilidade de existirem casamentos entre homossexuais em Espanha; quando um milhão de pessoas é condenada pela cultura hindu a trabalhar removendo fezes de latrinas, o impacto da crença em Deus no mundo que o rodeia é inquestionável. Se essa crença é uma mentira ou não, é uma questão importante que pode e deve ser debatida.”