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Parlamento das Religiões

No Parlamento das Religiões do Mundo, que está a decorrer até amanhã em Barcelona, no âmbito do Fórum Universal das Culturas, as religiões reivindicam uma intervenção social e política no reordenamento mundial e não apenas um papel estritamente espiritual. Naquele parlamento participam cerca de 8.000 pessoas de várias confissões, sob o lema Caminhos para a paz; a sabedoria de ouvir a força do compromisso.

Hans Küng, padre e teólogo católico que há duas décadas foi proibido de ensinar teologia em nome da Igreja, foi um dos porta-vozes dessa vontade, afirmando que as religiões têm um papel essencial na elaboração de um novo paradigma, que deve passar por um desempenho construtivo, relata o Público.

Nas várias sessões foram discutidos temas diversos como o acesso a água potável e o esforço que algumas missões religiosas têm empreendido para alargar o seu fornecimento à população.

O pedido de anulação da dívida externa dos países pobres, como forma de desenvolvimento económico-social, foi uma vez mais reiterado.

O sistema capitalista foi igualmente atacado. Raúl Fornet-Betancourt, professor de Filosofia na Universidade de Aachen, no simpósio sobre o tema Para uma teologia inter-religiosa e inter-cultural da libertação, afirmou que o capitalismo não admite a comunidade e retirou ao cristianismo a sua dimensão comunitária original e a sua capacidade de intervenção. Ao mesmo tempo, denunciou a «militarização da vida quotidiana e da política mundial», considerando que esses são desafios essenciais para a teologia inter-cultural e inter-religiosa.

Uma dos debates centrou-se no tema do combate ao vírus do HIV. Centurio Olaboro, padre católico e director de um orfanato no Uganda em que vivem 800 crianças cujos pais morreram com a doença, criticou a posição oficial da Igreja Católica, de recusa do preservativo, mas disse que a actuação no terreno é distinta. O que mostra que a Igreja Católica tem alguns problemas de coerência ideológica, de contradição e hipocrisia.

Não negando que é preciso discutir, de trocar ideias e de tentar encontrar formas eficazes para lidar com os problemas do mundo e que as religiões podem ter um papel positivo, é um facto que, se todas elas se empenhassem verdadeiramente e altruisticamente em tal empresa, talvez este planeta fosse um sítio melhor.

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