A História do Ateísmo
História do Ateísmo, por George Minois ISBN: 972-695-572-6 Foi com imenso prazer que vi publicado, pela Editorial Teorema, a «História do Ateísmo». A tradução e edição foram patrocinados pelo Ministério Francês da Cultura e Comunicação. Como ateu e português, agradeço esse generoso acto à República Francesa. Imagino, que este apoio poderá levar, alguns espíritos mais crentes, a maldizer a edição, como obra de propaganda da terrível franco-maçonaria ateia! A mim como ateu, cujos aventais só conheço os da cozinha, só me restaria comentar: E a alternativa? Seria a ignorância da história do ateísmo, um bem? O crente necessita da ignorância do mundo. Por mais que se manifeste publicamente como é lido e sofisticado, nunca deixará de ver o mundo, por detrás dos óculos coloridos da fé, do seu medo e da lealdade ao seu grupo. Recomendo vigorosamente, ao crente a leitura desta obra. Ficará certamente surpreendido. O crente liberal de hoje é um «ateu» do passado. Aos meus companheiros ateus, reitero a recomendação. Por esta obra, descobrimo-nos herdeiros de uma mundivivência com mais de 3000 anos. Somos um fio que une a humanidade, no seu melhor, na maioria das culturas humanas, presentes e passadas. Chegamos ao ateísmo vindos de muitos lados. Convém ter um mapa, para encontrarmos os nossos companheiros de viagem e reconhecermos a paisagem. Este livro é nesse aspecto satisfatório. Sugiro que convença a sua biblioteca mais próxima, a ter uma cópia disponível. O que não gostei no livro? Primeiro o preço. É elevado. Segundo, é um autêntico tijolo. Mais de 700 páginas. Imagino que uma edição em papel bíblia estaria fora de questão (A República Francesa, apesar dos seus rendimentos não conta com o dízimo de crentes, e o ateísmo não conta com a generosidade dos editores). Creio que é um preço a pagar, pela extensão do assunto. Terceiro, uma certa generosidade na contribuição gaulesa à história do ateísmo. Embora natural, num autor francês e pela importância real das contribuições do espírito das luzes e da revolução francesa ao pensamento ateu, faltam pormenores do ateísmo inglês e italiano, bem como de outras culturas ateias não ocidentais, que seriam de utilidade para o leitor. De qualquer maneira, este leitor aceita o compromisso. Extremamente interessante, é também o último capítulo do livro. O autor procura fazer um sumário do estado do ateísmo hoje. Vi-me surpreendido, por ter chegado a conclusões similares. Paradoxalmente, o nosso fracasso é o nosso sucesso. Além disso, propõe que há forças que se erguem, que são maiores que a crença e a descrença. E mais não digo. |