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Refutando Tomás de Aquino (1)

O primeiro argumento de Tomás de Aquino a favor da existência de um «Deus» é o do movimento. Aquino nota, a partir das evidências do mundo sensível, que algumas coisas estão em movimento. Correcto.

Afirma, em seguida, que o movimento de X pode passar de «potencial» a «efectivo» através do movimento efectivo de Y (sendo X e Y objectos distintos). Ora, esta afirmação é contrariada pela ciência do século XX. Efectivamente, determinados objectos passam a um estado de movimento sem interferência de outros objectos. Sabe-se que os núcleos radioactivos decaem «espontaneamente» (n->p+(e-), por exemplo). Além disso, as partículas quânticas estão em movimento perpétuo, seja direcionado ou aleatório. (Só podemos imobilizar todas as partículas quânticas de um dado sistema à temperatura do zero absoluto.) O argumento de Aquino só convenceria portanto quem tivesse um conhecimento da natureza limitado aos objectos macroscópicos.

Concluindo, Aquino argumenta que teria que existir uma causa primeira do movimento. Como vimos, tal não é necessário. E aliás, a conclusão de Aquino enferma de uma incoerência lógica: a «causa primeira» teria que ter uma causa anterior.

Finalmente, Aquino afirma que «a esta causa primeira toda a gente chama Deus», o que se aproxima de um argumento de maioria sociológica. Tomar a opinião da maioria como sendo a verdade é, evidentemente, inválido quando se pretende justificar um argumento pretensamente lógico como o de Aquino.

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