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O kitsch religioso da semana

Estava eu a passear por um bric-a-brac chinês, quando encontrei as últimas tentativas chinesas de entrada no mercado português da memorabilia religiosa católica, como podem ver à vossa esquerda. Na base deste engraçado boneco, encontramos o nome de Santo Exposito (não creio que haja um santo com esse nome, mas que se trata de um dos mártires antes da época de Constantino, dado o fato militar romano).

Para quem olhar de relance, aparenta que estamos a ver um brinquedo.

Quem olhar com mais cuidado, vê o santo despido do peso da percepção e código estético do catolicismo.

O traço e desenho seguem os códigos do Manga japonês, que hoje influencia várias gerações de artistas na Ásia.

As marcas da santidade na iconografia religiosa além de um valor cultural seguem códigos e regras estéticas que são definidas na ortodoxia. Os fiéis encontram aí a familiaridade e reconhecimento da sua revelação, que julgam especial, particular e pessoal. Fá-los, através do condicionamento, invocar os estados de espírito que associam ao sagrado: paz, união mística com algo maior, medo, culpa, contrição, etc.

Mas quando os mesmos são vistos e revistos pelos «óculos coloridos» de outra cultura, nada de sagrado encontramos na volta.

Só ficam os heróis de banda desenhada.

O que fariam os autores deste kitsch se por exemplo, se inspirassem nas visões de Fátima de 1917? Em que a nossa senhora aparecia a Lúcia de saia acima dos joelhos e sem sapatos? Algum Shunga ou Hentai? Confesso que fico curioso…

Glossário de termos de Manga e Anime (em inglês)

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