Sinfest, a festa dos pecados.
Legendas:
1ºQuadrado: À volta do século 19, o ateísmo espalhou-se, como os Backstreet Boys.
2ºQuadrado: Filósofos anunciaram a morte de deus. Psicólogos sonhavam teorias sem necessitarem dele
3ºQuadrado: A igrejas esvaziaram-se. A fé entrou em declínio. As pessoas sentiam-se desiludidas com deus.
4ºQuadrado: Não é de admirar, que ele esteja tão desesperado.
Muito raramente, encontramos a excelência. Sinfest é a excelência. Esta banda desenhada ateia consegue quebrar com todos os preconceitos que possamos ter sobre o tema colocado nos quadradinhos. As histórias andam à volta de um conjunto de personagens que personificam a condição humana moderna. Slick e Monique são o foco central do trama. Ele um epicuriano perverso que procura a realização material sem nenhum esforço. Ela uma vamp que procura esconder a mulher sensível que é, encontrando sempre mais fundo, a vamp que realmente é.
Por sua vez, deus e o diabo, bem como o dragão oriental colocam o pano de fundo filosófico nesta autêntica festa dos pecados. (deus está sempre a lembrar ao diabo que ele não passa de uma marioneta da sua vontade, e procura ignorar a existência do sarcástico e independente dragão oriental, personificando os problemas filosóficos do mal, do livre arbítrio e do choque alienígena das culturas orientais na visão, até à pouco tempo exclusiva, da religião judaico-cristã.)
As paródias politicamente incorrectas misturam-se com caligrafia japonesa e comentários profundos revestidos de uma simplicidade e subtilezas desarmantes.
Tatsuya Ishida, o autor, gosta de se apresentar como um rebelde. E é-o pela excelência. O traço clássico em tinta de Nanquim, quase no plágio de «Calvin e Hobbes» (em que Slick é a homenagem final) é desmontado com regularidade e cuidado sistemático revelando um artista com um controle magistral da sua técnica.
Consumir com meditação e uma boa gargalhada epifânica.
A não perder!