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O texto da concordata que mostraram a Durão Barroso é do mesmo autor das armas de destruição maciça do Iraque?

Soube pela comunicação social que o primeiro-ministro de Portugal rastejou até ao Vaticano e que, sofrendo de problemas de coluna, os agravou com uma vergonhosa flexão para com o papa pulhaco (desculpem os leitores a influência de Mia Couto (abençonhado = abençoado + sonhado).

Do pio bando que viajou à boleia fazem parte «o cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo; as ministras dos Negócios Estrangeiros, Teresa Gouveia; e da Justiça, Celeste Cardona; o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, José Arantes; os deputados Leonor Beleza, Jaime Gama, Assunção Esteves e Vera Jardim; o embaixador Martins da Cruz, o embaixador junto da Santa Sé, Pedro Ribeiro de Menezes, e a mulher; o juiz conselheiro do Supremo Tribunal Constitucional, Gil Galvão; o chefe da Casa Civil da Presidência da República, Morais Cabral; o embaixador Eurico Paes. Ainda na comitiva, estão integrados D. Tomás da Silva Nunes, Manuel Braga da Cruz, Padre João de Sousa, Padre Agostinho J. Gonçalves, Nuno Brito, António Almeida Lima, Luís Serradas Tavares, Mário David, Pedro Costa Pereira, Leonor Ribeiro da Silva, André Dourado, António A. Machado, Ana Paula Menezes Cordeiro, João Geraldes, Vasco Ávila, Comissário Paulo Antunes, Joana Mayer, Vanessa Pessanha, Bruno Portela e o chefe António Oliveira» – lê-se no Diário de Notícias de hoje.

Isto não é uma comitiva, é uma caterva de beatos à cata de indulgências, uma multidão de pecadores em busca de indulgências, um grupo de indivíduos que, acima dos interesses de Portugal, põe os interesses de uma obscena ditadura teocrática.

Em Portugal há, e bem, total liberdade religiosa. O que foi assinado, à sorrelfa, foi a concessão de infames privilégios a uma das religiões que disputam o mercado da fé num país que o Vaticano considera feudo e que a falta de dignidade cívica dos governantes reduz à situação de protectorado.

Neste momento, o texto da Concordata continua por divulgar. Temo o pior. A Inquisição não terá sido restaurada, mas a água benta, servida às colheres, pode tornar-se no substituto do óleo de fígado de bacalhau obrigatório na escola da minha infância. Então era o raquitismo que urgia erradicar, agora é a salvação da alma que passa a ser obrigatória.

No dia em que me provarem que há uma religião verdadeira, uma só, passo a defender que nem todas são falsas.

Apostila 1 – Ontem em Coimbra a Ponte Europa passou a ser designada por Rainha Santa, por decisão ministerial e sugestão do pio edil Carlos Encarnação. Que pecados tão graves terão a pesar-lhes para entrarem nesta vergonhosa subserviência para com o divino? Hão-de morrer afogados numa pia de água benta antes de serem corridos pelo voto popular.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

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- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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