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Hoje é assinada a concordata. Hoje é mais um dia em que Portugal me envergonha.


Até a virgem não sabe se há-de rir ou chorar…
Hoje é assinada a concordata entre Portugal e o Vaticano. Sem qualquer intervenção do processo democrático ou das instituições representativas.

Hoje é um dia em que Portugal me enche de vergonha.

A partir de hoje, sei que a república que emergiu do 25 de Abril de 1974, me considera um cidadão de segunda.

A mim, ateu, mas também aos agnósticos, aos pagãos, aos evangélicos sem denominação, aos baptistas, aos luteranos, aos adventistas do sétimo dia, aos pentecostais, aos metodistas, aos episcopalianos, aos carismáticos, aos hindus, aos mormons, aos da assembleia de deus, aos judeus seculares, aos iemenitas, aos baha’ianos, aos judeus ortodoxos, aos muçulmanos, aos budistas, aos interdenominacionais, aos tradicionalistas, aos calvinistas, aos cristadelfianos, aos taoístas, aos zoroastrianos, aos animistas, aos macumbeiros, aos falum gong, aos cristãos ortodoxos russos, eslavos e gregos, aos que mudam todos os dias de fé, aos que preferem não se exprimir e aceitar etiquetas. A todos nós, minorias ou até (quem sabe?) maiorias, nos foi dado o estatuto de cidadão de segunda.

A revés da Constituição e do príncipio da igualdade dos cidadãos perante a lei.

A partir de agora, uma comissão controlada por figuras sombrias, todos de 1ªclasse irá decidir quem é ou não religião. E quem é que poderá aceder a um estatuto de excepção. Negociatas serão feitas. Acordos de não-proselitismo firmados. Muito provavelmente, bolsos individuais e institucionais encher-se-ão. O mercado de almas abre-se sobre o patrocínio do estado.

Os ultimos passos da armadilha, que a Igreja Católica Apostólica Romana e os seus católicos de elite conspiraram, estão dados.

A excepção está institucionalizada, legalizada sem quaisquer hipóteses de redenção.

E a culpa é vossa. Porque pondes miopicamente a vossa fé primeiro, em vez do bem comum.

Quebrastes o mandamento: Amai os outros, como a vós próprios.

E assim será até ao dia, em que o estado renegue a concordata e elimine a lei da opressão religiosa.

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