15 de Fevereiro, 2004 Carlos Esperança
O bispo de Aveiro é contra o aborto
Uma igreja que durante 2 mil anos defendeu a pena de morte, e frequentemente a aplicou, não se conforma com o aborto.
O papa JP2 levou a crueldade ao ponto de o proibir às freiras violadas durante a guerra de que foi um dos responsáveis e que conduziu à desintegração da Jugoslávia. E atingiu o último patamar da demência mística ao obrigar essas mães a darem os filhos para adopção para poderem continuar a ser freiras.
Não admira, pois, que o Sr. António Baltazar Marcelino, bispo de Aveiro, zeloso capataz da ICAR, acoime de «regresso à barbárie» a descriminalização do aborto que bispos católicos menos trogloditas já toleram e as forças progressistas preconizam.
Em Portugal a covardia política e a hipocrisia deram-se as mãos para impedirem a resolução de um grave problema de saúde pública.
Graças ao conluio dos partidos da maioria, cuja legitimidade para governar se não contesta – até gostaríamos que o fizessem –, o PSD calendarizou a descriminalização para 2006 criando uma nova e interessante figura no ordenamento jurídico português – a interrupção voluntária da absolvição, enquanto a clandestinidade e a repressão se mantêm.
Entretanto o terrorismo ideológico da ICAR prossegue. O bispo de Aveiro condena as movimentações cívicas pela descriminalização do aborto e declara à Agência Ecclesia que «Se não se respeita a vida nascente indefesa, não há mais razão para se respeitar a vida, seja de quem for e em que circunstâncias for». E ameaça: «Os defensores do aborto estão colocando a espada de morte sobre o seu pescoço…».
Na ICAR há terrorismo verbal a mais e humanidade a menos.