29 de Fevereiro, 2004 Carlos Esperança
Assinalando 4 anos sobre o baptizado de um filho do Sr. Duarte Pio
Injustamente ignorado das primeiras páginas dos jornais, afastado da abertura dos noticiários televisivos e, perante a imperdoável distracção da comissão organizadora do Porto – 2001, teve lugar no dia 19 de Fevereiro de 2000 o baptizado do menino Dinis de Santa Maria Miguel Gabriel Rafael Francisco João de Bragança.
A princípio julguei tratar-se de uma lista donde os padrinhos escolhessem o nome mais bonito. Só quando percebi que todos os nomes passavam a ser propriedade do novo cristão, me dei conta da relevância do evento, abrilhantado, aliás, pelo Senhor Bispo do Porto, numerosos membros do cabido, proeminentes plebeus e piedosas senhoras da melhor sociedade.
Foi com alguma emoção (que agora recordo, quatro anos depois) que soube libertado dos riscos do limbo o pequeno Dinis, através da água do rio Jordão, embora eu tivesse preferido por razões bacteriológicas a dos Serviços Municipalizados do Porto depois de convenientemente benzida.
Escreveu Augusto Abelaira que o homem é o único animal que distingue a água benta da outra, mas nada referiu sobre a diferença da água captada no rio Jordão ou na bacia hidrográfica do Douro.
Certo, certo, é que o menino ficou mais puro, liberto que foi do pecado original que carregava desde o dia 25 de Novembro do ano anterior.
Felicitei então os patrocinadores e as piedosas pessoas que contribuíram com mais 6 mil contos para tão auspiciosa festa. Continuo a temer, por se tratar de uma virtude, que ao preço elevado a que ascendeu o primeiro sacramento possam tornar-se incomportáveis os primeiros vícios.
No entanto, continuo convicto de que as excelsas senhoras que então acompanharam piedosamente o neófito no caminho da virtude o não abandonarão com a sua solicitude no primeiro pecado.